A apresentação do plano Pró-Brasil, para reduzir os impactos do coronavírus na economia, revelou uma divisão no governo Bolsonaro. Sob a responsabilidade do ministro da Casa Civil, general Braga Netto, o grupo de trabalho criado para planejar a retomada econômica deixou a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, de fora.  

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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por exemplo, que vem trabalhando em estudos a respeito do assunto, nem sequer foi convidado a participar dos trabalhos. Aliás, o nome Plano Marshall surgiu no Ipea, que tomou a iniciativa de mergulhar em propostas e análises sobre a crise da covid-19. Mas esse material não está sendo usado. Braga Netto fez questão de ressaltar que o nome oficial do programa é Pró-Brasil, com dois eixos: ordem e progresso.  

De concreto, mesmo, há previsão de investimentos em obras públicas e de parceria com o setor privado, já sendo coordenados pelo ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. A ideia é ampliar gastos e assegurar a presença robusta de dinheiro do orçamento, uma espécie de PAC do Bolsonaro.  

Resta saber se Guedes já deu o aval ou se ele repetirá o mesmo destino de Luiz Henrique Mandetta. 

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Ajuda aí, ministro 

Chamou a atenção o discurso do general Ramos, pedindo que a imprensa divulgue fatos positivos durante a pandemia do coronavírus. Responsável pela articulação política, ele sabe que desde que os casos começaram o Palácio do Planalto só produziu crises na área dele: da briga com o ex-ministro da Saúde, passando à guerra com governadores e com o presidente da Câmara, até o comício do presidente da República no ato pró-intervenção militar. 

Cartão de visita 

O novo secretário-executivo do Ministério da Saúde, general Eduardo Pazuello, abriu a primeira reunião com a equipe técnica da pasta lendo a entrevista que concedeu à Revista Veja. O principal recado é que ele será leal ao novo ministro e não uma iminência parda dos militares no ministério. À frente das ações de combate aos efeitos do coronavírus até ontem, o gaúcho João Gabbardo dos Reis acompanhou a reunião. 

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Caça às bruxas 

Assessores diretos do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta que estão deixando a pasta carregam cópias de documentos, portarias, execuções orçamentárias, autorizações, tudo para se proteger de futuros questionamentos. Há quem aposte que o -chamado gabinete do ódio do Palácio do Planalto esteja concentrado em mais um plano para tentar destruir reputações. Em paralelo, o ministro da Justiça, Sergio Moro, também anunciou que a Polícia Federal vai investigar denúncias de irregularidades em contratos envolvendo coronavírus, mas não revelou o foco da investigação.