Joaquim Barbosa não quis pagar para ver. Neófito na política, ele sabe que enfrentar uma campanha significa exposição, desgaste e uma capacidade de negociação que ele não tem. Além disso, não sentiu firmeza no partido, o PSB. Sem uma grande liderança há quase quatro anos, desde a morte de Eduardo Campos, o PSB convive com três correntes diferentes e enxergava o ex-ministro do Supremo com certa desconfiança. Um consenso em torno do outsider só ocorreu recentemente, depois que ele conseguiu chegar a 10% no Datafolha. Mas Barbosa preferiu não arriscar. Desistiu de concorrer e deixou o PSB sem plano B. O partido, agora, terá que resolver as suas diferenças internas para decidir em que barco ingressar: no apoio ao PT, ao tucano Geraldo Alckmin ou ao PDT de Ciro Gomes. Barbosa seria a novidade das eleições de 2018, o ex-relator do Mensalão que concentrava a simpatia do eleitor cansado dos políticos tradicionais e empolgado com o combate à corrupção. Ninguém sabe como ele seria como administrador – caso conseguisse se eleger – uma vez que jamais teve experiência semelhante, além de ser presidente do STF. Sem Barbosa, o cardápio eleitoral volta à mesmice de nomes sem surpresas. A saída de Barbosa pode beneficiar candidaturas de centro ou centro-esquerda, como Ciro Gomes. Os eleitores de Barbosa estão órfãos de um outsider para chamar de seu.
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PRECIPITADO
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Aldo Rebelo se precipitou ao trocar o PSB pelo Solidariedade há menos de um mês. Disposto a concorrer à Presidência da República de qualquer jeito, ele viu suas chances desaparecerem no PSB, por isso migrou para a sigla do deputado Paulinho da Força (SP). Na falta de Joaquim Barbosa, poderia ser um plano B, até mesmo para uma composição como vice. Foi afoito.
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FRUSTRADOS
Lideranças do PSB reconhecem que a decisão de Joaquim Barbosa pegou a bancada de surpresa. Os governadores não estavam muito empolgados com a candidatura, mas os deputados já tinham abraçado a ideia:
— Foi uma frustração. O PSB não tem sorte. Primeiro, foi a morte de Eduardo Campos. Agora, o Joaquim desiste — desabafava um parlamentar do partido.
SEGURANÇA
A bancada catarinense na Câmara se reúne hoje com o secretário-adjunto de Segurança, Aldo Pinheiro D’Ávila, em Brasília. O Fórum Parlamentar Catarinense quer discutir os números da segurança no Estado.
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— Queremos falar sobre tudo que envolve segurança. A preocupação é geral. A PM de Santa Catarina, por exemplo, tem menos policiais hoje do que tinha em 2012 — alerta Jorginho Mello (PR).
FRASE
“Até como gestores, nós juízes e promotores, não somos lá muito bons. Se fôssemos administrar o deserto do Saara, faltaria areia em pouco tempo”
Gilmar Mendes
Ministro do SFF, que no ano passado já comentava sobre os candidatos ligados ao Judiciário