Na primeira semana de transição, o presidente eleito Jair Bolsonaro acertou em cheio nas indicações para ministérios, mas ainda está devendo as linhas gerais de um plano de governo, em especial quanto a questões estratégicas, como os próximos passos da reforma da Previdência. Houve um Bolsonaro mais ponderado em Brasília e o outro do antigo discurso no vídeo das redes sociais. Qual está valendo?
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Ele fez questão de negar o apoio a pontos da reforma da Previdência encaminhada por Michel Temer. O tipo de confusão que seria evitada se o futuro ministro da economia, Paulo Guedes, esclarecesse que tipo de projeto pretende enviar ao Congresso.
Talvez porque o próprio presidente ainda não tenha batido o martelo sobre isso. Depois de quase uma semana em Brasília, falando pouco e parecendo cuidadoso com as palavras, ele optou por fazer uma transmissão nas redes sociais retomando bandeiras clássicas.
Reclamou das multas para o agronegócio, criticou ONGs, bateu na condução do Ministério da Educação e falou da ideologia de gênero – como se fosse o principal problema nas nossas escolas – e homenageou Enéas Carneiro ao defender que as reservas de nióbio devem ser prioridade no comércio exterior. Ao mesmo tempo, mandou dois recados. Ele voltou a dizer que no Brasil sobram direitos trabalhistas e falta emprego. E foi direto na jugular do até então aliado, o presidente da União Democrática Ruralista, Nabhan Garcia, que ficou magoado por não ter sido escolhido para comandar a Secretaria da Agricultura:
— Se o critério fosse tempo ao meu lado, escolhia a minha mãe.
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Lá vem Tereza
Futura ministra da Agricultura, a deputada Tereza Cristina (DEM-MS) chega com força e está empenhada na escolha do colega que assumirá o ministério do Meio Ambiente. Em sintonia com integrantes da bancada ruralista, como o senador Luís Carlos Heinze (PP-RS), ela telefonou para nomes da confiança do setor, mas com credibilidade junto ao mercado internacional.
Disputa
Deputados eleitos pelo PSL foram para as redes sociais pedir que Bolsonaro reveja a indicação da deputada Tereza Cristina (DEM-MS) para a Agricultura. Cogitam até instalar outdoors criticando a parlamentar. O grupo serve de porta voz do presidente da União Democrática Ruralista, Nabhan Garcia, que chegou a ser cotado para a vaga, mas ficou de fora na última hora.
Na mira
Em apenas dois dias, a Lava-Jato prendeu 14 políticos entre deputados estaduais, federais que acabaram de ser eleitos, secretários e até um vice-governador. Entre os presos está Neri Geller – eleito deputado federal pelo PP de Mato Grosso. Geller foi ministro da Agricultura do governo Dilma. As operações investigam esquemas de corrupção no ministério da Agricultura, para favorecer a JBS, e o pagamento de mensalinho para deputados estaduais do Rio de Janeiro.
Frase
Não são as Forças Armadas que estão enviando policiais para apreender material nas universidades. Não é das Forças Armadas que estão partindo ameaças à democracia. É de setores do Judiciário, principalmente do primeiro grau. – Aldo Rebelo, ex-ministro da Defesa.
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