Tem razão o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello quando destaca o desgaste do coordenador, Deltan Dallagnol, e de outros integrantes da Lava-Jato, e do ministro da Justiça, Sergio Moro, no processo envolvendo o vazamento de mensagens. Ambos não confirmam nem rechaçam as informações divulgadas, mas negam qualquer irregularidade nas investigações.
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Mesmo admirados por uma legião de brasileiros e com importantes serviços prestados no combate à corrupção, um termina a semana justificando palestras e o outro como alvo de críticas por ter atropelado etapas da investigação da Polícia Federal. Deltan passou a sexta-feira explicando a palestra paga por empresa citada na Lava-Jato. Ele alega que não sabia das suspeitas ao aceitar o convite e lembra que comunicou o ato à corregedoria. O procurador teria recebido R$ 33 mil pelo trabalho, mas se nega a confirmar o valor.
Defensor da transparência, Deltan não deveria tangenciar questões como essa. Moro saiu das cordas quando a Polícia Federal deu rápida resposta ao caso dos vazamentos, apresentando os suspeitos de violar a privacidade de autoridades. Ele, no entanto, se precipitou ao anunciar o nome de vítimas poderosas e surpreendeu até os policiais prometendo a destruição dos arquivos. Fez bem a PF em avisar que tudo depende de uma decisão judicial. Ninguém duvida que os maiores corruptos da política brasileira têm interesse em esvaziar a Lava-Jato. Agora, mais do que nunca, a operação precisa ser preservada. E sempre vale lembrar que autoridades brasileiras foram vítimas de um hackeamento criminoso, que ainda exige muitos esclarecimentos.
Pontas soltas
O depoimento do hacker Walter Delgatti tem muitas pontas soltas. Ele explica como teve acesso aos telefones e afirma que repassou informações ao Intercept sem cobrar, mas não deixa claro a origem de seus rendimentos. Delgatti também não esclareceu o motivo de ter hackeado centenas de telefones e compartilhar o conteúdo apenas dos integrantes da Lava-Jato. O trabalho da PF ainda será longo e árduo.
Alvos
Advogados ligados a Glenn Greenwald chamam de AI-5 a portaria do Ministério da Justiça que permite a deportação sumária de estrangeiros considerados perigosos ou que tenham praticado ato “contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição”.
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