A violenta polarização entre esquerda e direita pode até segurar a popularidade de Jair Bolsonaro e credenciá-lo para concorrer à reeleição. Mas não é o suficiente para tirar o país da crise econômica, gerando os empregos necessários para fazer a roda do capitalismo girar. E esse é o grande desafio do presidente da República: permitir que o ambiente político se estabilize, alimentando a confiança que os investidores precisam para voltar a apostar no Brasil.

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Ao longo deste primeiro ano de governo, Bolsonaro mostrou que acertou onde foi programático: na equipe econômica. A falta de sintonia criou algumas pequenas crises, como a demissão do secretário da Receita que defendia a volta da CPMF. Mas nada que comprometesse o principal objetivo, que era a aprovação da reforma da Previdência.

O presidente errou, por exemplo, no Ministério da Educação, pasta em que trocou um ministro olavista por outro e, até agora, nenhuma política para educação foi apresentada. Escola cívico-militar é ação pontual. Trocar ofensas com reitores federais e lacrar nas redes sociais não garante um só jovem na escola até terminar o ensino médio.

Está aí outro desafio de Bolsonaro: enxergar o investimento em educação como um legado. Uma terceira meta para o presidente é assumir de vez o posto de estadista. A militância digital vibra com as frases de efeito, polêmicas e xingamentos. Mas cada frase do presidente da República tem efeito até na bolsa de Mercadorias. O nome do jogo nos países que conseguiram crescer é estabilidade.

Bolsonaro não precisa abrir mão da ideologia conservadora ou de seu estilo direto, que tanto agradou os eleitores. Mas se respeitar mais a liturgia do cargo poderá garantir o lugar na história como um presidente reformista e não como um folclórico cercado por filhos que mais atrapalham do que ajudam. O segundo ano de governo já está batendo na porta: não custa nada fazer uma boa reflexão.

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