Quase uma semana depois de estourar a mais grave crise enfrentada pelo governo Bolsonaro, com consequências internacionais, lideranças do Congresso repetem a mesma pergunta: onde está o ministro das Relações Exteriores?

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Diplomata de carreira, Ernesto Araújo desapareceu em meio ao protagonismo de outros ministros, que assumiram a bronca de diferentes maneiras. A voz sensata da Esplanada foi a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que alertou o Planalto para o desgaste dos discursos sem pé nem cabeça e para os riscos de comprometer o mercado externo.

Em entrevista à rádio Gaúcha, ela não negou que se medidas práticas tivessem sido tomadas antes das manifestações, o cenário poderia ser melhor. Tereza defende mais recursos para fiscalização e mudanças na prática das queimadas. Sai da crise ainda maior do que entrou.

Pressionado, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chegou a ser internado com mal-estar. Embora não tenha reordenado o discurso mais radical, mergulhou em uma solução com os órgãos de controle e a Polícia Federal. Tem o desafio, agora, de apresentar uma política ambiental mais consistente. Já o chanceler, afinado com o discurso ideológico do que chama de anti-globalismo, ainda não mostrou resultados. 

Future-se 

Para acelerar a implantação do programa Future-se, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, estuda encaminhar uma medida provisória ao Congresso, em vez de projeto de lei, que tem tramitação mais lenta. Termina nesta quinta-feira (28) a consulta pública pela internet para dar sugestões sobre o projeto, que prevê financiamento privado instituições federais.

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Presente-se? 

Em Santa Catarina, a decisão de aderir ou não ao Future-se partirá do conselho de cada instituição. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) criou um grupo de trabalho para analisar o projeto. O Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) está promovendo debates em suas unidades. Alguns reitores questionam se não haverá o programa "Presente-se", ironizando sobre o contingenciamento de recursos. 

Leia também: Governo Bolsonaro estuda mandar medida provisória para aprovar Future-se

Tesoura 

Único catarinense na Comissão de Orçamento, o deputado Rodrigo Coelho (PSB) alerta que o Estado deve perder R$ 65 milhões em verbas federais caso seja aprovada proposta do Governo que remaneja R$ 3 bilhões do Orçamento da União. O corte, segundo levantamento do Fórum Parlamentar Catarinense, atinge os repasses previstos de R$ 12 milhões à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), R$ 7,6 milhões ao Instituto Federal Catarinense (IFSC), R$ 8,7 ao acesso rodoviário ao Porto de Itajaí na BR-101, R$ 11 milhões às obras da BR-282, R$ 16, 9 milhões à rota Caminho das Neves, e R$ 8 milhões em apoio a projetos de desenvolvimento sustentável.