A fama do ex-juiz Sergio Moro não foi suficiente para compensar a fragilidade da base do governo no Congresso. O superministro da Justiça sofreu mais uma derrota ao perder o comando do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Ministério da Economia. Não foi surpresa. Essa manobra vinha sendo cantada pelos parlamentares de partidos do centrão e de oposição. E a causa não é nobre.
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Os deputados querem o Coaf longe das garras de Moro porque temem o fortalecimento deste instrumento de controle. Vale lembrar que o Conselho identificou as movimentações financeiras suspeitas do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e do ex-assessor Fabrício Queiroz. Questão até hoje muito mal explicada. Sem experiência na política ou na gestão, Moro se apagou. Apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro como a grife do governo no combate à corrupção, ele ainda não conseguiu fazer os seus planos deslancharem. Para completar, enfrenta resistências fortes no Congresso.
Após a derrota de Moro, o líder do PP, deputado Arthur Lira, fez um apelo aos colegas no grupo de WhatsApp do partido para que comparecessem a comissão especial para votar a reforma administrativa:
— Precisamos votar! Comemos o filé e agora temos que roer os ossos.”
A votação acabou não ocorrendo.
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Previdência
Na próxima quarta-feira, a Acaert – Associação Catarinense de Emissoras de Rádio de Televisão de Santa Catarina promove um encontro com o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil), em Brasília, para tratar da reforma da Previdência. A Frente Parlamentar Catarinense e empresários do Estado já confirmaram presença, assim como o secretário especial para o Senado Federal da Casa Civil, Paulo Bauer.
Cabo de força
Além de ser derrotado nos principais pontos da medida sobre a estrutura de seu governo, inclusive com o retorno do Coaf para a Economia, o presidente Jair Bolsonaro corre risco de sofrer mais um revés na Câmara. O presidente da Casa, Rodrigo Maia, dará prioridade à análise de outras MPs que trancam a pauta. Segundo ele, não é impossível votar a MP de Bolsonaro antes de caducar, em 3 de junho. Mas, para isso, é preciso "organizar a base". Maia disse que só viu condição semelhante no governo Lula.