No cargo há três meses, o procurador-geral da República, Augusto Aras, reforça o que havia anunciado no período em que concorria ao cargo: não quer saber de personalismos na condução das investigações.

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Discreto e sereno, Aras não citou nomes na entrevista concedida nesta segunda-feira (16) à Rádio Gaúcha, mas o petardo pode ter endereço: o procurador Deltan Dallagnol, personagem principal das mensagens pouco republicanas reveladas pelo site The Intercept ao longo deste ano.

Deltan termina o ano na mira de processos administrativos do Conselho Nacional do Ministério Público e comprando brigas para manter os apoiadores em alerta. Nas redes sociais, Deltan classificou como irresponsável a declaração do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, que culpou a Lava-Jato por "destruir empresas".

Neste caso, Toffoli inverteu a lógica: foram as empreiteiras que se destruíram ao mergulhar em esquemas milionários de corrupção. Mas bater boca pelas redes sociais, por mais que esteja na moda, está longe de ser a melhor resposta do Ministério Público.

Já Aras preferiu falar que haverá prioridade em 2020 aos processos de acordo de leniência. E ainda deixou um recado aos colegas:

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— Quando alguém quer passar para o personalismo, o melhor caminho é a política.

A sugestão do PGR

O procurador-geral da República vai formalizar nesta terça-feira (17) ao presidente Jair Bolsonaro uma sugestão de veto à lei anticrime. Em sintonia com o ministro da Justiça, Sergio Moro, Augusto Aras disse à coluna que considera positiva a criação do juiz de garantias, mas reconhece que a Justiça não tem estrutura para manter dois juízes responsáveis à frente de cada processo penal. É uma questão de orçamento, argumentou Aras.

Fôlego

Os xingamentos de Bolsonaro ao educador Paulo Freire e à TV Escola servem para reforçar a posição do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que no momento está sob ataque até do fogo amigo olavista. Sem balanço para apresentar, ou planos para 2020, Weintraub está de férias até o dia 4 de janeiro.

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