Governo Temer e Congresso retomam os trabalhos nesta semana, juntando os caquinhos da crise provocada pela greve dos caminhoneiros e pressionados por um calendário apertado. Quem conhece o parlamento aposta que até as eleições nada de importante será votado e até as medidas provisórias publicadas para atender os grevistas ficarão para ser analisadas aos 45 minutos do segundo tempo, perto de caducar. Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), encerram esse processo descolados do Palácio do Planalto. Tanto Maia quanto Eunício estão voltados para os seus próprios projetos eleitorais. Nesse cenário, itens da pauta econômica, como a privatização da Eletrobras, estão enterrados. Além da falta de vontade política, o tempo é curto até as eleições. Depois da greve dos caminhoneiros, as festas juninas e a Copa do Mundo vão parar Brasília. O governo e o Congresso já estão em ponto morto.
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FIM DE FESTA
Com a crise da greve dos caminhoneiros, o governo Temer registra baixas até entre os fieis aliados da tropa de choque. Conhecido por monitorar o mapa de votos nas duas denúncias contra o presidente, o vice-líder do governo Beto Mansur (MDB-SP) gravou vídeo criticando a política de preços da Petrobras, afirmando que os grevistas deram uma lição:
— Pedro Parente não fará falta nenhuma – disse o deputado, que é candidato à reeleição, em um vídeo que circula nas redes sociais.
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PRESSÃO
Apesar do fim da greve, a Polícia Federal continuará as investigações sobre os empresários envolvidos na paralisação dos caminhoneiros. O comitê de crise do Palácio do Planalto faz questão que os envolvidos no chamado lacoute sejam punidos, a exemplo do que ocorreu com o empresário do Rio Grande do Sul. Novas denúncias e detalhes da operação criminosa continuam chegando. Santa Catarina está na mira.
COBERTOR CURTO
Convidado para debater o futuro do SUS na Comissão de Seguridade Social da Câmara, o ministro Gilberto Occhi (Saúde) ainda não confirmou presença. Ele sabe que terá que explicar o corte de R$ 135 milhões do SUS para ajudar a pagar a conta do preço mais barato do diesel. Até mesmo deputados aliados se preparam para questionar sobre os efeitos da tesourada. Integrante da comissão, Carmen Zanotto (PPS) lembra que o orçamento é sempre apertado:
— Cada centavo que sai da saúde é muito complexo – lembra.