Manifestação sobre AI-5 conseguiu desagradar partidos da esquerda à direita. Desviar a atenção, mobilizar a militância, levar ao extremo a tática do "nós contra eles". Esse é o principal objetivo do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao defender a volta do AI-5, como se uma alternativa fora do roteiro democrático fosse possível ou aceitável.
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A frase é um atentado tão grande aos valores democráticos que os principais partidos, da direita à esquerda, já se manifestaram oficialmente, afastando qualquer possibilidade de volta da ditadura.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avisou que o comportamento é passível de punição, ministros e ex-ministros do STF e do STJ consideram o discurso inaceitável.
Em um primeiro momento, alguns deputados bolsonaristas tentam minimizar o impacto da frase, dizendo que Eduardo falou na condicional. Outros deputados alinhados à família claramente não sabem o que foi, nem quando ocorreu o AI-5.
O segundo momento deste roteiro ficará por conta da militância digital, que passará a afirmar que o presidente e os filhos são perseguidos e que existe um complô contra a família.
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A família Bolsonaro se abastece da polêmica. Ao lado da extrema polarização, é o combustível que ajudou a levar Jair Bolsonaro à presidência da República e que elegeu os filhos com robustas votações. Combustível que, hoje, também serve de escudo. O deputado Eduardo Bolsonaro, filho número 3, defendeu a volta do AI-5 como resposta a uma eventual radicalização da esquerda, sabendo bem o tamanho da reação que iria provocar.
A entrevista foi na segunda-feira, no mesmo dia da publicação do famoso vídeo das hienas. No filme, Bolsonaro é apresentado como leão ameaçado pelo STF, pela imprensa, pela OAB, pelo feminismo e até pela Lei Rouanet. Tudo isso, dias depois do vazamento de áudios do ex-policial Fabrício Queiroz, aquele envolvido na suspeita do caso das rachadinhas no gabinete do então deputado estadual Flavio Bolsonaro.
Em meio a essa confusão, a equipe econômica está perplexa. Técnicos preparam as próximas reformas a serem encaminhadas ao Congresso. Mas, diante da indignação dos partidos, quem consegue ambiente político para votar alguma coisa?
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