Presidente do PSL em Santa Catarina, Fábio Schiochet, está no olho do furacão da disputa no partido do presidente da República. A favor da conciliação, adota o discurso do diálogo, atento ao crescimento do partido no Estado nas eleições municipais.
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Eleito o deputado mais jovem da história de Santa Catarina, Schiochet tem 31 anos e é natural de Jaraguá do Sul, onde é empresário do ramo de combustíveis. O mandato na Câmara, para o qual recebeu 87 mil votos, é seu primeiro cargo público.
Desde abril, chefia a Secretaria de Comunicação Social da Câmara, com estratégias para aproximar a atividade legislativa ao cidadão. Confira a seguir a entrevista à coluna:
O racha do PSL na Câmara tem solução?
Houve um desentendimento. Nosso partido votou 98% com o governo. O que estava errado com o líder do PSL na Câmara? Se tivesse votado 75%, tudo bem. Mas respeito o Eduardo (Bolsonaro), vai ser um excelente líder, fez uma coisa que surpreendeu: não retaliou ninguém da outra lista (que pedia a permanência do Delegado Waldir). Em Santa Catarina que as coisas foram um pouco mais radicais. Houve aquele negócio de traidor de quem não assinou a lista do Eduardo. Mas o que é trair Jair Bolsonaro? Eu fui o deputado catarinense que mais votou com o presidente.
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O senhor foi alvo de Fake News?
Eu não vou entrar em bola dividida de deputado estadual que fica me alfinetando. Soltaram fake news, dizendo que eu chamei o presidente de burro. Tenho assinatura de dez deputados federais, afirmando que eu não estava na reunião em questão para baixar em caráter liminar a página que diz isso.
E o PSL em Santa Catarina?
O momento é de agrupar. Em 2020 temos eleições municipais. A nossa ideia é eleger 50, 60 prefeitos, e eu preciso dos deputados trabalhando. Mas vou ser sincero: há alguns que queimaram a ponte. Não voltam mais. Ana Campagnolo, Jessé Lopés, com criticas ao governador Carlos Moisés. O governador está fazendo um excelente trabalho. A minha missão é extremamente difícil agora, os lados foram divididos, eu estou com o partido, sou Bolsonaro, mas precisamos montar as executivas municipais aptas a concorrer em 2020. Nos trinta maiores municípios, a gente vai ter candidato. Serão 150 candidatos, a ideia é eleger uns 60.
O episódio das listas para a liderança dividiu a bancada aqui em Brasília..
O momento agora é de deixar os ânimos baixarem e compor. Todo mundo aqui é PSL e Bolsonaro. A questão da lista do Eduardo foi numa quarta-feira. Não recebi ligação, nem pedido pra votar em lista. Eu chego no Estado na quinta-feira e sou chamado de traidor. Também não sei se assinaria a lista, porque tudo isso poderia ser resolvido com a bancada unida, o presidente chamando o Delegado Waldir (ex-líder) e entregando para o Eduardo a liderança. Todo esse racha, faltando dois meses pra acabar o ano legislativo… Eu não me posicionei nas redes sociais, então pretendo ficar sem afrontar ninguém.
E o governador Moisés tem se distanciado cada vez mais das pautas do centro político…
Quando tu pegas dois deputados estaduais, dizendo que o governador não está ao lado de Bolsonaro, isso ocorre por quê? Porque ele botou um homossexual na presidência do Procon-SC (Tiago Mussi)? Ah, porque ele fazia as paradas LGBT? E o Tiaguinho do Procon faz muito bem o papel dele. Aí, sim, que te digo que é uma homofobia. Agora, o governador taxar um agrotóxico é anti-Bolsonaro? Nosso secretariado não é rachado, mas altamente técnico. Então, vejo mais um extremismo e uma questão pessoal.
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O senhor tem uma relação direta com a família Bolsonaro?
Encontrei o presidente três vezes. O Eduardo é um amigo de plenário. O Carlos (vereador-RJ) nunca tive acesso e o Flávio (senador) encontrei em votações no Congresso. Nunca me procuraram no momento das listas.
Se o presidente Bolsonaro sair do PSL, o senhor também vai sair?
Isso é uma situação que a gente tem que analisar a partir do momento que acontecer. Meu compromisso é fazer do PSL um partido de direita em Santa Catarina. Por isso, a gente tem que olhar as pessoas nos municípios, buscar candidatos ficha limpa, para continuar levando o partido num caminho vitorioso.
Sobre o movimento da bancada contra a concessão dos pedágios da BR-101 Sul, como o senhor se posiciona?
Deputados do Sul tem essa pauta comercial. Mas prefiro mil vezes ir para Curitiba (PR) pela BR-101 pedagiada do que pegar a BR de São Bento, Rio Negrinho… Eu não fui na audiência da bancada com o ministro da Infraestrutura nem na ANTT porque sou a favor da concessão. É uma segurança. governo federal não tem olhos para o Brasil inteiro. Então que faça obra e entregue para alguém que está cuidando. A tua vida vale mais do que R$ 5.
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E sobre os gastos do mandato, de R$ 339 mil de cota parlamentar e R$ 845 mil de verba de gabinete, chegando a 94% do orçamento anual?
O meu perfil é municipalista. Eu vou para o interior, viajo, eu passo três vezes por mês na estrada, com equipe. O dinheiro é do contribuinte, mas está ali para rodar. Tem deputado federal que não volta para o seu Estado há três meses. Eu recebo aqui as propostas menos republicanas que tu imaginas. Eu nego. Eu vou no município, olho, vejo as dificuldades.
*Com Camila Faraco
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