O presidente da República fez um pedido irresponsável à população na live desta semana. Jair Bolsonaro sugeriu que as pessoas encontrem um jeito de entrar em hospitais públicos ou de campanha para filmar eventuais leitos desocupados de UTIs. Segundo ele, essa seria uma maneira de fiscalizar a aplicação correta dos recursos.

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Há vários equívocos nessa recomendação, começando pelo questionando dos leitos vazios. O objetivo de toda a mobilização até agora das autoridades competentes é ter leitos à disposição para abrigar um eventual aumento de casos. O problema é a falta de leitos. Se a dúvida do presidente é com a aplicação correta dos recursos, há órgãos de fiscalização para acompanhar o processo dentro da lei: Ministério Público, Polícia Federal, Controladoria Geral da União, Tribunal de Contas da União.

Com essa recomendação, Bolsonaro coloca também em risco a saúde dessas pessoas, que ele pretende que se transformem em fiscais de UTIs. O ambiente de hospital é para os profissionais da saúde, funcionários da instituição, pacientes e seus familiares.

Bolsonaro mais uma vez coloca em dúvida os números do coronavírus apresentados por governadores e prefeitos. Em reunião ministerial nesta semana, o ministro-interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou que a preocupação não é com o risco de uma maquiagem nos números para cima, mas com as subnotificações. Certamente, o general passou esses dados para o presidente.

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