Volta dos panelaços e insatisfação de aliados acenderam a luz amarela no Planalto
O presidente Jair Bolsonaro enfrenta o momento político mais frágil em um ano e dois meses de governo. Há dois dias ele evita as tradicionais paradinhas em frente ao Palácio da Alvorada logo cedo – onde cumprimentava os apoiadores e falava com jornalistas, pautando o assunto do dia.
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Hoje, ele saiu da residência oficial pelos fundos, atravessando o Palácio do Jaburu. As conversas ficam para o final de tarde, quando ele responde às questões do dia. O estopim do desgaste foi o posicionamento diante da crise do coronavírus. Enquanto os principais líderes do mundo reconheciam a gravidade da pandemia, Bolsonaro criticava as ações de governadores e falava em histeria. No último domingo, ainda sem saber o resultado do segundo exame da doença, ele apertou as mãos de manifestantes.
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A primeira reunião entre representantes de poderes, realizada em Brasília na segunda-feira (16), teve como representante do governo o ministro da Saúde, Henrique Mandetta. Bolsonaro não quis ir.
O presidente só começou a cair na real quando apoiadores nas suas redes sociais cobraram uma atitude mais firme e quando as panelas votaram a bater. Como ocorreu no impeachment da então presidente Dilma, brasileiros revelaram o descontentamento fazendo barulho nas janelas. A volta do panelaço, acendeu uma luz amarela no Palácio do Planalto.
Desde então, o presidente regulou o tom nas próprias redes sociais, destacando as medidas dos ministérios.
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– Se o Congresso estivesse funcionando a pleno, o desgaste seria ainda maior. Há uma cobrança geral – diz um antigo aliado.
A polêmica da vez, no entanto, ficou por conta do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) que resolveu culpar a China pela pandemia. Com um tuíte, ele criou uma crise diplomática.