Depois de perder protagonismo e abandonar a transparência, o Ministério da Saúde está a um passo de ficar sem nenhuma credibilidade. A pasta foi militarizada, e essa nova equipe optou por servir aos interesses políticos do presidente Jair Bolsonaro, dificultando o acesso às informações básicas sobre o coronavírus. A pressão foi tanta que a pasta resolveu voltar atrás, alegando apenas uma adequação à divulgação de casos e óbitos de covid-19.

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Dentro do ministério, há quem jure que tudo voltará ao normal. Esconder os indicadores repassados pelos Estados deveria ser enquadrado, no mínimo, como crime de responsabilidade. E essa tentativa seguia uma escalada: primeiro foi a decisão de atrasar a divulgação dos números. Depois, tiraram do ar a página com os dados. Para completar, Carlos Wizard – que quase assumiu a Secretaria de Ciência e Tecnologia – acusou prefeitos e governadores de superfaturarem os números.

Isso tudo serve de pano de fundo para o agravamento da crise política. Seguindo o mau exemplo dos bolsonaristas, manifestantes contra o governo promoveram aglomerações e foram às ruas. Também foi um final de semana de aproximação de lideranças de diferentes cores e partidos a favor da democracia e contra barbaridades de toda ordem.

A tentativa de manipulação dos dados é mais um desses absurdos.

Não adianta esconder

Ex-integrantes da equipe do então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta lançaram uma plataforma com dados atualizados sobre a evolução do coronavírus no país. O ex-secretário-executivo da pasta João Gabbardo confirmou à coluna que coordena o trabalho ao lado de especialistas em TI que já trabalharam com essas informações. Os números serão obtidos dos sites das Secretarias Estaduais de Saúde. Também o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde lançou uma plataforma com dados do país com atualizações diárias até as 17h.

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Ainda na folha

Apesar de Bolsonaro ter anunciado a saída de Regina Duarte da Secretaria da Cultura, em 20 de maio, ela segue na folha de pagamento da União com salário de R$ 17.327,65. Na sexta-feira, a atriz disse que segue secretária. De acordo com a assessoria da Cultura, Regina tem cumprido agendas em Brasília e não há “definição” de quando será exonerada.