O presidente Jair Bolsonaro não frita. Ele cozinha em fogo brando aqueles ministros que ele quer afastar do governo, até que a pessoa não tenha mais condições de permanecer no cargo e é afastada. Foi assim com Gustavo Bebiano (alvo de briga com os filhos do presidente), com o general Santos Cruz (demitido em razão de uma desconfiança infundada), com Gustavo Canuto (desentendimentos políticos) e Ricardo Vélez (o único exonerado por incompetência). A estratégia de Bolsonaro deixa os fiéis assessores reféns dos humores e eventuais reações da militância eletrônica. Lealdade, mesmo, o presidente só assegura aos filhos. Na última semana, Onyx Lorenzoni e Osmar Terra sentiram na pele.

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No desenho feito para o governo, Onyx fica com o Ministério da Cidadania, desalojando o colega da bancada gaúcha. No caso, o estopim da reforma ministerial foi a forte articulação da ala militar, que agora ficará responsável pelo núcleo duro do Palácio do Planalto. Fragilizada, a área política do Executivo ficará manca. Essa é a escolha estratégica de Bolsonaro, que pensa no projeto à reeleição.

Afinal, o que interessa à população em geral sobre qual o critério utilizado pelo presidente da República nas demissões? O importante é que a economia funcione, os empregos sejam gerados e a democracia não esteja em risco, não é? Sim. Mas um pouco de estabilidade não faz mal a ninguém. Estabilidade política atrai investidores e constrói o ambiente da segurança na economia. Sem falar que o presidente não substitui quem deveria: pelo conjunto da obra, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, merece estar na lista dos exonerados.