O Ministério da Educação cedeu e adiou a data do Enem para não ser patrolado pelo Congresso. A derrota seria um vexame, escancarando a falta de base de apoio. Na Câmara, o resultado seguiria a tendência do Senado, onde o governo perdeu por 75 votos a 1. O único voto contrário foi o do filho do presidente, o senador Flavio Bolsonaro.
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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, avisou o Palácio do Planalto que o melhor seria ouvir os especialistas em educação. Os pedidos para que a data fosse adaptada não são de hoje. Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Cezar Miola vem acompanhando debate e acredita que jogar as provas para dezembro, por exemplo, pode não ser o ideal, mas é uma solução razoável.
Uma mudança no calendário que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, não queria aceitar. Integrante da ala ideológica do governo, ele fez até campanha para que os estudantes se preparassem para novembro, ignorando os efeitos da pandemia na rotina dos alunos das redes pública e privada. Se os argumentos técnicos não convenceram, a política foi a saída. Dessa vez, quem ganhou foram os estudantes.
Cloroquina e a faca no pescoço
Secretários do Ministério da Saúde, contra ou a favor da cloroquina, tiveram de assinar ontem dois documentos. Um deles é o de apoio à liberação do medicamento ainda na fase inicial do coronavírus, reforçando a portaria divulgada no início da manhã.
O outro texto é uma nota de repúdio a ser divulgada caso secretários de Saúde se manifestem contra a autorização. O clima era de mal-estar na pasta, afinal, o próprio protocolo reconhece que não há pesquisas comprovando a eficácia da cloroquina. O Brasil chegou a 18,8 mil óbitos por Covid-19.
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Lula erra
Criticado até mesmo por petistas, o ex-presidente Lula foi obrigado a pedir desculpas pela declaração infeliz sobre o coronavírus. Depois que deixou a prisão, aliás, nem de longe ele assumiu a posição de liderança que as esquerdas imaginavam que ele teria. Com o discurso congelado nos anos 80 e diante de um governo que enfrenta crises de fabricação própria, a oposição ainda busca um rumo.
Diálogo canastrão
A saída de Regina Duarte da Secretaria Especial da Cultura foi marcada por um diálogo canastrão com o presidente Bolsonaro. O jogral tentou justificar o que todos sabem: a atriz vinha sendo fritada pelo Planalto havia bastante tempo. A ala olavista reclamava de que ela não fez as mudanças esperadas na Cultura para tirar as pessoas de esquerda que ainda estariam na secretaria.
A entrevista à CNN, em que minimizou o horror das torturas durante a ditadura militar, azedou de vez a relação até com a classe artística. Como prêmio de consolação, Regina assume a Cinemateca de São Paulo.