A agilidade com que os governos federal e de Minas Gerais formaram gabinetes de crise para lidar com o rompimento de barragem em Brumadinho, contrasta com a inércia do poder público e da Justiça no desastre de Mariana, também em Minas, também de propriedade da mineradora Vale do Rio Doce. 

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O presidente Jair Bolsonaro ordenou que tropas militares e os ministros do Desenvolvimento Regional, Meio Ambiente e Minas e Energia fossem para a região o mais rápido possível. Mostrando comando da situação, Bolsonaro deu entrevista para uma rádio local informando as medidas que estão sendo adotadas.

No sábado, deve sobrevoar a região. Neste momento, as prioridades são o socorro das vítimas e ações para impedir que a situação piore ainda mais. Não poderia ser diferente.  

Em um segundo momento, será preciso apurar as causas, punir os responsáveis e entender quais foram as falhas que levaram à repetição de uma tragédia, em um intervalo de pouco mais de três anos.

A sensação é de que nada foi aprendido de lá para cá. A melhor mensagem que os governos e a Justiça podem passar para os cidadãos, principalmente os mineiros, vai além do amparo às vítimas e da identificação de erros técnicos.

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É preciso punir exemplarmente e de forma célere, os culpados, demonstrando que não só o crime, mas a negligência traz severas consequências a ponto de estimular novas omissões, seja do setor público ou do privado. 

Ao mesmo tempo, é preciso uma avaliação profunda do estado de conservação de todas as barragens do país. Temos de parar de correr atrás de prejuízos e trabalharmos com prevenção. 

Ainda não se sabe a extensão exata do desastre ambiental, mas já se especula que possa ser pior do que o de Mariana – que detém o recorde negativo de o maior da história do Brasil. Independente se isso se confirme ou não, não podemos mais aceitar que tragédias como essa ocorram no país.

À vontade na presidência

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, se mostrou bem à vontade na cadeira de presidente da República. Com agenda lotada, que ia de políticos a embaixadores, passando por empresários, não se esquivou de assuntos espinhosos.

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Afirmou que militares devem entrar na reforma da Previdência, foi ágil ao dizer que o Brasil não participará de eventual intervenção militar na Venezuela e até assinou um decreto polêmico, que pode enfraquecer a transparência pública. Mourão queria um gabinete no quarto andar do Planalto, mas ficou no prédio anexo, na ala da Vice-Presidência. 

Em quatro dias, demonstrou que pode ser mais do que um vice decorativo.