Mais do que homens de confiança, o que o presidente da República busca para o comando da Polícia Federal e do Ministério da Justiça são pessoas leais à família Bolsonaro. Não há um projeto de Estado, mas a urgência de salvar a reputação do clã. Onde estão as bandeiras do combate à corrupção, ao crime organizado e à violência urbana, que tanto seduziram a classe média nas últimas eleições?  

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Eleitores mais fiéis ao presidente podem até argumentar que é normal esse gosto por soluções caseiras, esquecendo a crítica que fariam se isso ocorresse com qualquer outro governante que não tivesse como prioridade a implantação de políticas públicas.  

Função estratégica dentro da República, a pasta da Justiça sempre foi ocupada por pessoas alinhadas ao Palácio do Planalto, que viraram conselheiros do presidente. Foi assim com Nelson Jobim, Márcio Thomaz Bastos, José Eduardo Cardozo – apenas para citar alguns nomes que mais se destacaram. É claro que não tem anjo nessa história. Thomaz Bastos ajudou o então presidente Lula a elaborar a narrativa para enfrentar o escândalo do mensalão.  

No caso atual, Bolsonaro tem uma preocupação específica: investigações que batem à porta dos filhos. E ele quer uma blindagem. Só isso explica a insistência em colocar no comando da PF o delegado Alexandre Ramagem, até então à frente da Abin. Por isso a preferência para o MJ por Jorge Oliveira, major da reserva da PM do Distrito Federal e ex-chefe de gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro. Os militares, incluindo o vice, Hamilton Mourão, defenderam nomes de impacto no meio jurídico para a pasta.  

Enquanto o país ultrapassa a marca dos 4 mil mortos em razão da pandemia da covid-19 e há o temor de que o próximo a sair do governo seja o ministro da Economia, Paulo Guedes. O presidente da República passou o final de semana concentrado nos interesses da família. 

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A dor e a delícia 

O ex-ministro Sergio Moro provou a dor e a delícia de ter largado a magistratura para aderir ao bolsonarismo. Depois de ter comandado um dos ministérios mais importantes da Esplanada, de ter alimentado a imagem de herói contra a corrupção junto aos grupos conservadores e de ter sonhado com uma vaga no STF, passou o final de semana sob ataques dos grupos especializados em fake news, em que até mesmo é acusado de “esquerdista”. 

Lavajatistas 

Senadores lavajatistas, liderados por Alvaro Dias (Pode-PR), fazem reunião online hoje para decidir os próximos passos a partir das denúncias de Moro. Eles esperam um posicionamento do presidente da Casa, Davi Alcolumbre, sobre o assunto. Há consenso de que o caso é grave, mas que o momento para um impeachment é péssimo, em meio a uma pandemia e a uma crise na economia. 

Segurança de Moro 

À coluna, Lasier Martins (Pode) afirmou que está preocupado com a segurança de Sergio Moro. O ex-ministro costumava entrar no Senado pelo gabinete do senador, sempre acompanhado por cinco ou seis seguranças.  

A situação de Moro é muito perigosa, há muita gente com ódio dele. Ele corre risco como o do juiz italiano, da Mãos Limpas, que foi assassinado, o Giovanni Falcone. Lasier Martins

Testes rápidos

O Ministério da Saúde recebeu 30 propostas no pregão aberto para a compra de 12 milhões de testes rápidos para a covid-19. A análise técnica sobre as ofertas já foi finalizada e o vencedor deve ser anunciado entre hoje e amanhã. O processo dessa aquisição começou ainda quando Luiz Henrique Mandetta era ministro. 

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