Em meio à enxurrada de reações ao vazamento de conversas entre o então juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava-Jato, a pior ideia é a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A última CPI que funcionou foi a dos Correios, que culminou no mensalão. De lá para cá, as comissões foram uma perda de tempo, dinheiro e até palco da corrupção. Há outras maneiras do Congresso reagir contra e a favor de Moro, já que esse episódio colocou ainda mais lenha na fogueira da selvagem polarização que toma conta das redes sociais.

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Embora conte com forte apoio popular, o titular da Justiça amarga uma inesperada fragilidade política. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello reconhece que o perfil de Moro está “um pouco abalado”. Ele chegou em Brasília com aura de presidenciável e, por culpa do próprio presidente Jair Bolsonaro, sentou cedo demais na cadeira de ministro do Supremo.

O tamanho que essa crise pode ter e os reflexos no destino do ex-juiz dependem do que ainda poderá ser revelado. Reduzir isso tudo a uma CPI é deboche.

Silêncio

O porta-voz da presidência da República, general Rêgo Barros, confirmou que o presidente Bolsonaro não irá se manifestar sobre o conteúdo das mensagens divulgadas pelo site The Intercept. De acordo com o general, o presidente aguarda retorno do ministro Sergio Moro para conversar pessoalmente sobre o assunto, o que deve ocorrer ainda hoje.

Plano Safra

A bancada ruralista vai colocar o time em campo e pressionar pela aprovação do crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões no Congresso. Presidente do Fórum Parlamentar da Agropecuária, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) aposta que desta semana não passa a aprovação na comissão de orçamento. O deputado catarinense Rodrigo Coelho (PSB) integra a comissão e identificou a digital do Centrão no impasse sobre a votação. Sem a liberação dessa verba, o Ministério da Agricultura não tem como lançar o plano safra.

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– O tensionamento não chegará às raias da irresponsabilidade total – disse o deputado.

Abuso

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já recebeu pedidos de parlamentares querendo relatar o projeto que trata sobre o abuso de autoridade – que está parado na Casa há mais de dois anos. A proposta já passou no Senado e está aguardando a instalação de uma comissão especial. Defendido pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), o projeto tem o objetivo de coibir excessos de autoridades em investigações, mas sempre foi considerado uma resposta à Lava-Jato.

Me dê motivo

O presidente da Comissão Especial da reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou à coluna que não vê motivos para atraso no cronograma da reforma da Previdência. Advogado e professor de Direito Constitucional, ele afirma que Moro deveria se afastar do cargo de ministro da Justiça para não atrapalhar futuro trabalho da Polícia Federal.