Não é a primeira vez que o presidente Jair Bolsonaro recua ou reclama que foi mal entendido. Agora, no entanto, a participação em um protesto em frente ao QG do Exército, em Brasília, diante de manifestantes favoráveis ao AI-5 e ao fechamento do Congresso e do STF constrangeu os militares a ponto de o Ministério da Defesa divulgar nota.

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O general Fernando Azevedo e Silva reafirma que as Forças Armadas trabalham para manter a paz e a estabilidade no país, obedientes à Constituição. Quer dizer, a intervenção militar defendida por quem vive uma realidade paralela não encontra apoio nas Forças Armadas. Alertado pelos generais que o cercam, Bolsonaro passou a alegar que não discursou contra o Congresso ou o Supremo.

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Se estivesse focado no real problema do país hoje, que é a pandemia do novo coronavírus, ele nem sequer teria ido ao Setor Militar. A iniciativa foi tão fora do tom que o procurador-geral da República, Augusto Aras, se viu obrigado a reagir. Pressionado até mesmo internamente, ele pediu ao STF abertura de inquérito para apurar suposta participação de deputados federais na organização dos atos que defenderam bandeiras inconstitucionais.

No final do dia, Bolsonaro anunciou nas redes sociais que vai editar uma MP específica para tratar do chamado Contrato Verde e Amarelo durante o período de enfrentamento ao covid-19. Esse, sim, deve ser o foco de um líder: ações de combate aos efeitos da maior crise dos últimos tempos. Os militares sabem disso.

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O incontrolável

Filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro tem comentado com parlamentares aliados que o pai é um "ser incontrolável", mas que, no fim, tudo dá certo. Nesta segunda-feira, questionado sobre o número de mortos com coronavírus, Bolsonaro disse que não é coveiro.

De mochila pronta

O secretário da Atenção Primária à Saúde, Erno Harzheim, ficará na equipe do ministro Nelson Teich somente durante a transição. No auge da crise entre o então ministro Luiz Henrique Mandetta e o presidente Bolsonaro, ele avisou que desembarcaria em caso de troca no comando.

Responsável até por contatos com a China para a compra de testes, Harzheim é um dos melhores quadros da linha de frente da pasta, mas há conselheiros de Bolsonaro que o consideram “esquerdista”.

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