Depois de tomar um banho de realidade durante a semana, Michel Temer começa a reconhecer publicamente que não será candidato à Presidência da República. Ideia, aliás, que não passa de uma ilusão, alimentada pelos conselheiros mais próximos do peemedebista.
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O argumento para entrar na disputa era de que o PMDB precisava de alguém para defender o legado do governo Temer. Os bons indicadores da economia animaram a equipe do Planalto, a ponto de um jingle ter sido elaborado com os nomes de Temer e Henrique Meirelles. A marchinha dava a entender que o ex-ministro da Fazenda poderia ser o vice na chapa. Plano que ruiu com o avanço das investigações da Polícia Federal sobre o caso do porto de Santos.
Em entrevista à TV pública EBC, o presidente indicou que poderá não ir à reeleição. Ele negou que o motivo tenha sido a vaia em frente aos escombros do prédio que desmoronou em São Paulo, mas é claro que a popularidade pífia também pesa. No projeto elaborado pelos principais nomes do PMDB ainda no período do impeachment da então presidente Dilma, nesta época do ano o governo Temer estaria bombando. Nos sonhos dos peemedebistas, a economia iria reagir, com a retomada do emprego e do poder de compra. No próximo dia 12 de maio, Temer completa dois anos no comando do Planalto e nada disso ocorreu. O desemprego continua em alta, a aprovação do governo é baixíssima, alguns dos principais nomes do PMDB estão presos e até a filha do presidente da República teve de prestar depoimento à PF. Como ele poderia segurar uma candidatura? Seria o palanque menos prestigiado dos últimos tempos.
Em um ponto da entrevista, Temer tem razão: dificilmente uma terceira denúncia será apresentada ainda neste ano. A possibilidade não pode ser afastada e os deputados aliados estão se preparando, mas o tempo é apertado para que a Procuradoria-Geral da República conclua os trabalhos. A procuradora-geral, Raquel Dodge, concordou com a prorrogação por mais 60 dias do inquérito dos portos. A grande questão é quem será o nome do PMDB para a eleição presidencial deste ano. Meirelles entrou no partido com essa missão, mas, por enquanto, não conseguiu reagir nas pesquisas. Em meio a tudo isso, o argumento de Temer de que não há aumento do desemprego e, sim, crescimento dos que procuraram emprego, parece até deboche com o eleitor.
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