O que a conservação da Amazônia tem a ver com a produção de suínos em Santa Catarina? Tudo. Ao contrário do que a polarização da política estabeleceu nos últimos anos, o cuidado com o meio ambiente não é coisa de comunista. E o agronegócio não é terra de bolsominions.

Continua depois da publicidade

O Brasil é uma potência ambiental e agrícola e precisa abandonar os preconceitos para concentrar as atenções no que realmente precisa. A Amazônia bateu novos recordes de desmatamento em junho. Preocupados, empresário encaminharam uma carta ao governo, pedindo um posicionamento claro sobre o assunto: sobre garimpeiros, sobre as ações nas terras indígenas, sobre a impressão que alguns tiveram que estava tudo liberado.

Quando o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou naquela folclórica reunião, que precisava aproveitar para “passar a boiada” da flexibilização da legislação, ele assumiu ali a falta de compromisso com as medida mais restritivas. E isso tem um preço. Além da própria questão ambiental, que é imensurável, há um prejuízo para quem também vive da imagem. O mundo moderno não quer comprar de quem desmata ou explora trabalho infantil ou escravo. Ou não cuida de suas comunidades mais vulneráveis. E há quem diga que a China vai comprar de qualquer jeito, porque precisa alimentar uma população que só cresce. Também não é assim. As novas barreiras mundiais são sanitárias e ambientais.

Preocupada com isso, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, divulgou um vídeo, explicando quais são as regiões produtoras de alimentos no Brasil e a distância da Amazônia. Responsável pelas políticas para a região, o general Hamilton Mourão terá que ouvir mais o pessoal do Ibama. E para quem também acha que esse é um assunto fora do contexto, em tempos de pandemia, vamos pensar um passo adiante: precisamos que a economia funcione e isso significa também uma boa imagem no mercado internacional.

> Bolsonaro fez pouco caso do coronavírus

O presidente Jair Bolsonaro poderia aproveitar a fase paz e amor para abraçar a causa ambiental. O país só tem a ganhar. E quem não gostar, que fique no passado.

Continua depois da publicidade

Nova cara política

O assunto da semana foi o vídeo do youtuber Felipe Neto contra Bolsonaro e Trump, que foi publicado pelo The New York Times. É política feita por quem não tem mandato ou partido, mas que legitimamente se expressa para uma multidão. No passado, atores, músicos, escritores já tiveram papel semelhante, mas não com tanto alcance.

> Felipe Neto desabafa sobre coronavírus em Blumenau e coloca cidade nos assuntos do Twitter

A esquerda organizada em legendas ou sindicatos vibra, mas também deveria refletir: por que os partidos de oposição não conseguem colocar em pé uma voz com essa potência e relevância?