O grande desafio da nova equipe do Ministério da Educação é abandonar a agenda do confronto, resistindo às marolas nas redes sociais. Em tempos de seguidores de Olavo de Carvalho, pode parecer difícil, mas será bem mais eficiente. Cercado por técnicos que ele mesmo escolheu, o ministro Abraham Weintraub está à frente de uma das pastas mais complexas da Esplanada, que já perdeu cem dias de governo – porque o ministro anterior foi incompetente – e ainda enfrenta restrições orçamentárias impostas pela equipe econômica.
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Questionado sobre os critérios para o corte de 30% no orçamento das universidades federais e institutos, o secretário de Educação Superior, Arnaldo Barbosa de Lima Júnior, nega que tenha algum motivo ideológico. Contingenciada, essa verba tampouco será encaminhada às necessidades de investimento no ensino básico, como havia argumentado o ministro. Em razão do déficit fiscal, os cortes atingiram em cheio a educação, com um bloqueio no orçamento de R$ 7,4 bilhões.
Institutos federais no Rio Grande do Sul já começaram a dispensar terceirizados e estagiários. Universidades alegam que já trabalham no limite. Então, por que o ministro provocou as federais, falando em“pelados” e “balbúrdia”? Por que comparar os custos de manutenção de alunos de ensino básico com universitários, usando dados descolados da realidade? São declarações que só acentuam a polarização.
Tudo indica que o governo Bolsonaro vai, sim, mudar a política com relação às federais, exigir redução de gastos e de estruturas. Integrante da equipe de transição, o próprio ministro defende há tempos mais investimentos nas séries iniciais. Tudo isso tem lógica, desde que não signifique um lento desmonte das universidades públicas, uma morte por asfixia. Por isso, é uma boa notícia a aproximação de Weintraub e do diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos.
Ex-reitor e ex-secretário de Educação, ele conhece a fundo os gargalos dos Estados e poderá colaborar como consultor técnico. O problema de anos de descaso com a educação não será equacionado com escola sem partido ou eliminação dos cursos de filosofia e sociologia. Muito menos com a infantil divulgação das notas do ministro quando ele era um jovem universitário. Educação precisa de fato virar uma prioridade e não um instrumento de discórdia.
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Mapa catarinense
O deputado federal Rogério Peninha (MDB-SC) apresentou a Jair Bolsonaro uma prévia de apoio da bancada à Reforma da Previdência. De acordo com seus cálculos, dos 16 deputados federais catarinenses, 13 votam a favor do texto. Peninha completou, dizendo que o presidente disse que espera um apoio dos catarinenses na aprovação da reforma proporcional ao que teve nas urnas. Bolsonaro recebeu 75% dos votos em SC no segundo turno da eleição de 2018.