Uma nova operação abafa está em curso em Brasília, tomando conta dos tribunais superiores. No Supremo Tribunal Federal, PT, PMDB e PSDB unem esforços para tentar acabar com a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. No Superior Tribunal de Justiça, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) conseguiu que seu processo fosse encarado como caixa 2 de campanha e enviado à Justiça Eleitoral. Isso significa a vitória aos políticos que há muito tentam minimizar a gravidade dos chamados recursos não contabilizados de campanha. Na avaliação de investigadores da Lava-Jato, em muitos casos, o caixa 2 de campanha serve para lavar dinheiro de propina. Quem conhece a fundo as investigações envolvendo a Odebrecht comenta que as doações não contabilizadas para governadores e altas autoridades sempre tinham uma contrapartida.
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A delação da Odebrecht, inicialmente chamada de “Fim do Mundo”, entregou à Lava-Jato uma longa lista de políticos e seus apelidos, todos beneficiados com recursos para caixa 2 de campanha. Os colaboradores repassaram informações que atingiram vários partidos, do senador José Serra (PSDB) à chapa Dilma-Temer, passando por deputados e senadores. Até o ano passado, parlamentares assustados com as consequências dessas denúncias tentaram aprovar na Câmara uma anistia ao caixa 2. A manobra não passou. Mas, pelo jeito, a interpretação da Justiça está dando uma mãozinha.
Sobre a prisão após condenação em segunda instância, emissários do ex-presidente Lula fazem peregrinação em Brasília na tentativa de garantir o julgamento das ações no STF. Uma medida que interessa também outros poderosos na mira na Lava-Jato. Apesar dos adiamentos e do desconforto da presidente do Supremo, Cármen Lúcia, mais cedo ou mais tarde essas ações terão que ser julgadas. No dia 2 de maio, no entanto, o mesmo STF voltará a analisar a ação sobre o fim do foro privilegiado e tudo indica que a prerrogativa será extinta. Uma proposta que acaba com o foro aguarda votação na Câmara há mais de um ano.
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Investigadores da Lava-Jato têm certeza que a ministra Rosa Weber votará a favor da prisão após condenação em segunda instância, caso as ações sejam julgadas em plenário. Em 2016, ela votou a favor do cumprimento da pena somente após os recursos às cortes superiores. Depois do voto da ministra sobre o habeas corpus do ex-presidente Lula, os procuradores ficaram mais tranquilos.
Frase
“Não me procurem mais pra perguntar sobre plano A, B ou C. Eu só tinha um plano, o plano L. E agora meu plano são dois Ls: #LulaLivre! Viva @LulaPeloBrasil!
Do ex-ministro dos governos petistas Jaques Wagner reafirmando que Lula é o plano A do PT.
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