A frase foi cunhada pelo então senador Fernando Henrique Cardoso, quando o presidente José Sarney saía do Brasil: "A crise viajou", dizia o parlamentar. Mais de 30 anos depois, a brincadeira ainda está valendo. Com desenvolvida vocação para alimentar polêmicas, foi o presidente Jair Bolsonaro quem deu início ao processo de exposição das vísceras do PSL, mas partiu para missão à Ásia sem qualquer sinal de solução.
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Pelo contrário. O filho Eduardo Bolsonaro e a ex-líder no Congresso Joice Hasselmann passaram o final de semana trocando ofensas infantis pelas redes sociais, com o único intuito de inflamar a militância digital.
Integrantes da equipe econômica, no entanto, não lamentam a ausência do presidente nesta semana. A ideia do ministro Paulo Guedes (Economia) é apresentar ao Congresso os planos para o dia seguinte à aprovação da reforma da Previdência.
É, portanto, positivo que o presidente esteja longe das paradinhas em frente do Palácio da Alvorada. A proposta de mudança na Previdência é a maior conquista deste primeiro ano de governo Bolsonaro, mas não é suficiente para atrair investimentos e gerar emprego. E essa é a pauta urgente para o país.
Consulta
Na viagem a Florianópolis, o presidente Bolsonaro chegou a consultar o ministro da Justiça, Sergio Moro, se havia algo legal a fazer com relação às ameaças do líder do PSL, Delegado Valdir (GO). Em conversa vazada, o deputado chamou o presidente de vagabundo e afirmou que poderia implodir o PSL.
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Redução de danos
Deputados bolsonaristas passaram o final de semana alimentando as redes sociais com uma nova versão sobre a disputa pela liderança do PSL na Câmara. Segundo eles, não partiu do presidente a ideia de lançar o nome do filho Eduardo Bolsonaro para tentar assumir o posto no lugar do Delegado Waldir (GO).
A iniciativa teria partido do grupo alinhado ao presidente. Bolsonaro, no entanto, deixou a digital quando resolveu operar no varejo, telefonando diretamente aos deputados, pedindo apoio ao filho.
É estratégico
É estratégica para o agronegócio de Santa Catarina a missão de Bolsonaro à Ásia, importante mercado consumidor das carnes de aves e de suínos. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, participa do grupo e já avisou o presidente da importância de se recuperar a imagem do Brasil junto a mercados preocupados com questões ambientais, como o Japão. As queimadas na Amazônia e o óleo no litoral nordestino são as provas de que o Brasil ainda não aprendeu a lidar de maneira rápida com desastres ambientais.
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