Diminuir o atrito, entregar gordas fatias do governo para o centrão e continuar trabalhando pela reeleição. O presidente Jair Bolsonaro, aconselhado pelos generais do terceiro andar do Palácio do Planalto, recebeu uma receita para permanecer à frente da Presidência da República até o final do mandato e ainda se credenciar para o projeto à reeleição. Dentro desse cenário, a ampliação do pagamento do auxílio emergencial será a marca social que o governo Bolsonaro ainda não tem.
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O aumento da temperatura da crise política, o começo das reações de oposição nas ruas e os processos no Supremo Tribunal Federal (STF) acenderam uma luz amarela no Planalto. A prova do pragmatismo está na criação do Ministério das Comunicações e na entrega do comando para um filho do centrão e genro de Silvio Santos, o deputado Fabio Faria (PSD-RN).
Outros ministérios serão criados e, nas próximas semanas, o Diário Oficial vai funcionar de maneira frenética a serviço das nomeações. Mas só esse toma lá dá cá não serve para blindar um presidente de um futuro processo de impeachment. Basta olhar a história recente para saber o quanto o centrão é volúvel.
Além da pandemia, Bolsonaro está à beira da maior crise econômica de todos os tempos. Sem capacidade de gestão, ele tenta jogar a responsabilidade dos efeitos da covid-19 na conta dos governadores e prefeitos, levantando dúvidas sobre os números da doença.
É irresponsável a atitude de Bolsonaro de sugerir a pessoas que tentem entrar em hospitais para filmar leitos vazios de UTIs. Afinal, todo o esforço é exatamente para que não falte atendimento adequado se houver necessidade. Esse discurso, no entanto, mantém aceso aquele grupo fiel ao presidente, que eternamente se alimenta das teorias de conspiração. Assim, o presidente da República vai se equilibrando entre bolsonaristas e o centrão. Mas até quando?
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Apagão na Educação
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, sofreu duas derrotas no Congresso em menos de um mês. As medidas provisórias que o governo editou, com tentativas de intervenção nos processos de escolhas dos reitores, foram rechaçadas pelo parlamento. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, fez um favor ao presidente Bolsonaro ao devolver a MP do reitor biônico. Se a medida fosse a plenário, a derrota do Planalto seria devastadora.