*Por Silvana Pires, interina
A confirmação da condenação de Lula pelo TRF4, que deveria ser um desfecho, se tornou o começo de uma nova batalha para o PT: garantir Lula como candidato à Presidência. Diante do resultado, o ex-presidente se tornou inelegível com base na Lei da Ficha Limpa, mas ainda cabem recursos, que certamente serão usados até o limite. Ou seja, a candidatura poderá ser sustentada com base em liminares. Os petistas, em diversas oportunidades, já vinham afirmando que a decisão dos desembargadores não tiraria o nome de Lula das urnas. Inscrevê-lo junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na chapa do partido também leva em conta que o PT não tem um nome forte para substituir o ex-presidente.
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A partir de agora, a celeridade da Justiça ao analisar essas futuras apelações da defesa se torna crucial para as eleições, ainda mais se levarmos em conta o fato de Lula liderar todas as pesquisas. O eleitor precisa ter clareza sobre se vai ou não poder votar no petista, sem o risco de que sua escolha possa não ter validade. O ideal seria que os recursos, seja no TRF4, no TSE, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou no Supremo Tribunal Federal (STF), fossem decididos até 17 de setembro, quando termina o prazo para substituição de candidatos. Ao mesmo tempo, o ineditismo e a importância do caso não permite atropelos. Trata-se de um ex-presidente condenado criminalmente, e também do destino de um dos políticos mais populares e influentes do país.
Além de tudo, o que foi dito ao longo do julgamento servirá de munição para a campanha eleitoral. Os adversários irão se deleitar usando trechos da fala dos desembargadores sobre o rival, como a “culpabilidade é extremamente elevada”; “há provas acima do razoável de que Lula foi um dos articuladores de esquema de corrupção”; e que “ao contrário de fazer cessar a organização criminosa, deu sustentação”. Já o PT insistirá no argumento de que foi uma decisão política, sem provas de que o triplex pertence a Lula e que foi um ato orquestrado para prejudicar o partido.
O fato é que há grande chance de todo este imbróglio jurídico não estar decidido até as eleições. Portanto, caberá ao eleitor decidir sozinho a quem dará razão.
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“A decisão de hoje, qualquer advogado iria dizer para eu respeitar. A decisão eu até respeito porque foi deles. O que eu não aceito é a mentira pela qual eles tomaram a decisão. Eles sabem que eu não cometi um crime. Eu me disporia a ficar com os três juízes um dia inteiro para que eles me mostrem qual é o crime que o Lula cometeu.”
Lula, ao falar para manifestantes sobre o resultado do julgamento.