Depois de um início de ano turbulento, Jair Bolsonaro faz um esforço para limpar a área e viabilizar as negociações da reforma da Previdência. Isso exige mudança de comportamento do próprio presidente. Significa que ele precisa se libertar da confusão da pauta de costumes, colocar na geladeira o pacote de segurança do ministro Sergio Moro (Justiça) e deixar para um outro momento o projeto da desvinculação das receitas do orçamento, aquele que estava fantasiado de pacto federativo.
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Antes que alguém pule de fúria, na defesa de qualquer um desses itens, aviso: quem entende de política afirma que os governos precisam escolher as batalhas a serem enfrentadas. O sucesso da reforma da Previdência é o que determinará o futuro do governo Bolsonaro.
O ministro Paulo Guedes (Economia) gosta de testar as ideias antes de bancá-las. Foi o que ele fez com o projeto da desvinculação, acenando ao Congresso, aos governadores e aos prefeitos com a chance de decidir sobre o orçamento. Politicamente, foi aconselhado a não misturar as estações, sob o risco de perder apoio. Resultado: projeto engavetado até segunda ordem. Congelar o plano de segurança de Moro já não é tão fácil. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acertou com Bolsonaro que os projetos ficarão para depois da reforma. Deputados novatos da bancada militar e policial, porém, não se conformam. Eleitos com a pauta da segurança, temem não ter o que entregar. E ainda precisam convencer os seus colegas de corporação sobre a importância de se aposentar mais tarde. Tarefa inglória.
Outro discurso que começa a se esvaziar é o do fim do toma lá dá cá. As bancadas já foram avisadas que haverá critérios para analisar os nomes indicados, mas o loteamento nas estatais será o mesmo de sempre. O mais complicado desta dura pavimentação, porém, é manter o presidente longe de polêmicas inúteis. A coluna questionou um assessor palaciano sobre quando Bolsonaro entrará de corpo e alma na reforma, exigindo fidelidade dos deputados que ajudou a eleger. A resposta é que ele entrará na hora certa:
— Se o presidente entra na negociação muito cedo, corre o risco de pagar o preço duas vezes. Não pense que essa reforma será barata – reconheceu.
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SC AINDA MELHOR
O grupo NSC reúne na próxima terça-feira (19) lideranças de Santa Catarina, em Brasília, para dar prosseguimento ao projeto SC Ainda Melhor. Autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário participam de um jantar com a direção e comunicadores do grupo. Além dos parlamentares do Fórum Parlamentar Catarinense, convidados como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do Superior Tribunal de Justiça, José Otávio de Noronha, e o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, confirmaram presença. A iniciativa SC Ainda Melhor, que começou durante o período eleitoral, entra em nova fase, buscando o fortalecimento do Estado.
CONFIANÇA
Assim que terminou o leilão de aeroportos, houve comemoração no Planalto. Além do resultado econômico, o sucesso tem significado político. À coluna, os ministros Onyx Lorenzoni e Santos Cruz (Secretaria de Governo) afirmaram que o resultado demonstra a confiança dos mercados no governo.
RAIO DESESQUERDIZADOR
Das propostas esdrúxulas que apareceram no Congresso, a que sugere ao presidente da República a criação da Secretaria Especial de Desesquerdização causou estranheza até dentro do Palácio do Planalto. O deputado Heitor Freire (PSL-CE) encaminhou à presidência a proposta, argumentando que há agentes de esquerda infiltrados na administração pública, inclusive pessoas que mudaram de discurso. A secretaria teria a missão de mapear a afastar esses servidores. No mesmo documento, o deputado se oferece para assumir a empreitada.