O presidente Michel Temer não dimensionou o tamanho da crise que a greve dos caminhoneiros poderia gerar. Envolvido nas campanhas de comemoração de dois anos de governo, demorou a reagir diante da escalada de preços do diesel, apesar dos alertas de lideranças do próprio setor.
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Movido pelo desejo de emplacar a candidatura à presidência da República, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) se adiantou e anunciou nas redes sociais a troca da votação da reoneração da folha de pagamento pela redução da Cide. Sem alternativa, o governo saiu da inércia e confirmou a medida, mas continua com o abacaxi na mão. Os caminhoneiros não identificaram uma saída para a alta de preços e os deputados não gostaram da barganha goela abaixo.
A preocupação dos parlamentares que vão concorrer à reeleição é votar a reoneração e prejudicar um setor ligado à base eleitoral. Além de zerar a Cide, o governo também avalia o impacto da redução do PIS/Cofins e chama os secretários estaduais da Fazenda para debater a redução do ICMS para o combustível. Mas se o Ministério da Fazenda não quer abrir mão de receitas, por que os Estados – muitos em crise – abririam? Enfraquecido politicamente até mesmo junto ao Congresso, o Planalto não consegue nem mesmo disfarçar que não sabe o que fazer.
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EFEITOS
Em Brasília muitos parlamentares não escondiam que estavam mudando os planos de retorno para as suas bases eleitorais. Ao invés de retornar para seus Estados hoje, como de costume, muitos viajaram já na noite de ontem. O motivo: o alerta do aeroporto internacional Juscelino Kubitschek, de Brasília, sobre o risco da falta de combustível.
NO JOGO
A deputada Maria do Rosário (PT) é a única parlamentar a integrar a equipe de programa de governo do PT. Com orientações diretas de Lula – que está preso em Curitiba -, a primeira reunião definiu que o programa terá como foco a área social, geração de empregos, segurança, saúde e educação.
CONVOCADO
O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, foi convocado pela Comissão de Defesa do Consumidor para que apresente alternativas para a alta dos combustíveis. Pelo regimento da Câmara, ele é obrigado a comparecer. Já o presidente da Petrobras, Pedro Parente, foi convidado para a mesma reunião. O presidente da Comissão, José Stédile (PSB), conta que o governo federal tentou impedir a convocação, mas até mesmo deputados da base de votaram a favor do requerimento.
FRASE
“O futuro a Deus pertence”.
Do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) ao ser questionado se o governo tem previsão de tratar sobre o preço da gasolina. Padilha confirmou que até o momento as reuniões se referem apenas ao preço óleo diesel.
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