Tem razão o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quando defende, com outras palavras, que o governo tem que escolher as suas batalhas. Se quiser aprovar a reforma da Previdência ainda no primeiro semestre, alerta Maia, o Planalto precisa deixar a pauta de costumes em segundo plano. É um conselho e um recado. Maia não parece disposto a levar adiante temas polêmicos, ideológicos e pouco efetivos.

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Na mensagem que encaminhou ao Congresso, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) deixa claro as prioridades: Previdência e Segurança. Rápido no gatilho, o ministro Sérgio Moro (Justiça) apresentou o pacote de combate ao crime organizado logo no início dos trabalhos no Congresso. Com habilidade política, Moro acertou no timing, nas articulações e no foco.

O projeto é uma resposta à demanda de uma população assustada. Há avanços no endurecimento das penas, no combate à impunidade e na criminalização do caixa 2. São grandes as chances de aprovação no Congresso, desde que a punição para caixa 2 não alcance o passado dos políticos. Falta ainda uma palavra mais firme sobre a situação dos presídios. Os governadores estão de chapéu na mão, aguardando recursos para investimentos.

Vão curtir?

O ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) aposta que o governo tem mais de 49 votos no Senado para aprovar a reforma da Previdência. Por enquanto, é uma conta otimista. Senadores que engordaram o voto anti-Renan Calheiros (MDB-AL) foram pressionados pelas redes sociais. Jorge Kajuru (PRP-GO), por exemplo, chegou a consultar seus seguidores para definir o voto. O Planalto, portanto, terá que conseguir explicar muito bem por que a reforma, crivada de medidas amargas, é importante.

Tempo

Ficará com o ex-senador Paulo Bauer (PSDB) a missão de conversar com o Senado sobre a reforma da Previdência. Assessor da Casa Civil, com sala no quarto andar do Palácio do Planalto, ele afirma que tem pela frente três meses para aparar arestas. É o tempo de debate e votação na Câmara.

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Na PM 

O coronel Araújo Gomes, comandante-geral da PM de SC, gostou do pacote de combate ao crime organizado do ministro Moro. Ele disse que, agora, espera a mesma rapidez na votação do Congresso Nacional. Ele comemorou a medida que acena com uma espécie de salvaguarda aos policiais no capítulo da legítima defesa. 

FRASE

– Se for verdadeira, é grave. Temos de ver até onde há verdade nisso aí – Hamilton Mourão, vice-presidente, sobre o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que teria direcionado verba pública para empresas ligadas ao seu gabinete parlamentar.