Mergulhado em uma crise com governadores e às vésperas de enviar a reforma administrativa ao Congresso Nacional, o presidente Jair Bolsonaro considera mais importante dar combustível ao assunto do momento da sua milícia digital do que administrar um país. Só isso pode explicar a frase misógina e desrespeitosa direcionada a uma jornalista que, no momento, virou a inimiga número 1 dos bolsonaristas:
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— Ela queria um furo. Ela queria dar o furo — disse, em tom de piadinha, se referindo à jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo.
Uma apoiadora, que acompanhava a entrevista, riu da tirada de Bolsonaro. Mas não tem graça. É triste e vergonhoso que um presidente da República ofenda a honra de todas as mulheres ao mirar na sua cruzada contra a imprensa. A piadinha misógina faz parte de uma cultura de violência contra mulheres. Naturalizar esse tipo de comportamento é criminoso.
Infelizmente, Bolsonaro conquista com isso exatamente o que almeja. Quem tem um mínimo de bom senso acha um horror, mas a militância bolsonarista enlouquece em um transe fanático e os reais problemas ficam pendentes.
A repórter da Folha foi ofendida e sofreu uma falsa acusação na CPI das Fake News. Quem a acusou não tem provas, mas ela provou que ele mentia, com gravações e rico material publicado no jornal. Mas o que ninguém imaginava é que o presidente da República iria tentar validar uma mentira, com uma piadinha chula de botequim.
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