Falta foco a Jair Bolsonaro. Embalado pela crença de que a polêmica nas redes sociais ainda é a melhor maneira de manter viva a polarização que o ajudou na eleição, o presidente se nega a descer do palanque. 

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A prova disso é o vídeo escatológico que ele publicou na terça-feira de Carnaval. Irritado com foliões que debocharam dos laranjas, do caso Queiroz e rimaram “engano com miliciano”, o presidente – ou quem gerencia a sua conta – não hesitou em faltar com o decoro para avacalhar os bloquinhos.

Diante do tema explosivo, o efeito do “nós contra eles” foi resgatado e os militantes apaixonados pelo presidente correram para defendê-lo. Mas também houve constrangimento dentro da própria trincheira. Integrante do MBL, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) afirmou que essa não é postura de um conservador.

Quer dizer, o presidente precisa assumir de vez o tamanho do cargo que ocupa. A força que ele tem nas redes sociais deveria ser utilizada na divulgação da reforma da Previdência e para esclarecer o que vai mudar na vida da aposentaria dos trabalhadores. O resto é tempo perdido.

Esse episódio do vídeo vai entrar para a história como mais um folclore de Carnaval. Certamente, não é assim que Bolsonaro sonha em ser lembrado.

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Impaciência

Deputados da Frente do Livre Mercado estão insatisfeitos com a demora do governo em negociar as reformas. Parlamentares, que apoiaram a eleição de Bolsonaro, em conversa com à coluna, reclamaram que há muito tempo perdido com bate-boca na internet.

Colateral

Sindicatos reclamam que por trás da Medida Provisória da contribuição está uma manobra do ministro da Economia, Paulo Guedes. Sindicalistas alegam que o ministro quer evitar que as entidades tenham dinheiro para fazer campanha contra a reforma da Previdência.

Lei Rouanet

O ministro Osmar Terra (Cidadania) deve se reunir ainda hoje com o presidente Jair Bolsonaro para ajustar as mudanças na Lei Rouanet. O novo modelo será apresentado neste mês, prometendo a descentralização do eixo Rio-SP e o benefício a projetos de artistas iniciantes. O ministro pretende contar com as empresas estatais alinhadas ao financiamento de programas sociais.

Oração

Turistas que estavam na frente do Palácio da Alvorada no começo da tarde de ontem, foram surpreendidos com a decisão do presidente Jair Bolsonaro em parar para conversar com eles. Em conversa com a coluna, a paraibana Mirtis Hortência contou que naquela momento estava orando pelo Planalto:

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— Quando eu estava orando pelo Planalto, de repente, os carros vieram. Eu estendi as mãos e segui orando. Ele (Bolsonaro) veio ao nosso encontro. Foi muito emocionante, um momento ímpar nas nossas vidas.

FRASE

"Não houve intenção de criticar o carnaval de forma genérica, mas sim caracterizar uma distorção clara do espírito momesco, que simboliza a descontração, a ironia, a crítica saudável e a criatividade da nossa maior e mais democrática festa popular".

Trecho de nota do Palácio do Planalto sobre o vídeo publicado nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro na terça-feira de carnaval