* Por Silvana Pires, interina
Primeiro presidente da República a sofrer um impeachment, o senador Fernando Collor (PTC-AL) quer retornar ao Planalto, apesar de seu partido ter declarado “prioridade absoluta e única” à disputa por vagas na Câmara dos Deputados. Para Collor, a renovação política tão esperada pela população não deve ocorrer nesta eleição, e o grande número de candidatos à Presidência é resultado de um “enorme vácuo político”. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:
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O seu partido disse que dará prioridade à eleição para a Câmara. O senhor ainda é pré-candidato a presidente?
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Sim, a condição de pré-candidato é uma decisão unilateral. Candidatos nós passaremos a ser após a realização das convenções partidárias. O que está ocorrendo, e não é somente com o PTC, é que, em função da cláusula de barreira, os partidos estão discutindo se é melhor ter candidato à presidência ou não, porque o objetivo maior de todos os partidos é de eleger o maior número possível de deputados federais.
Hoje há um grande número de pré-candidatos, como não se tinha desde 1989. A tendência na reta final é diminuir?
A existência de muitos candidatos numa determinada eleição é em função da rejeição que o líder político da nação esteja experimentando. Em 1989, nós tivemos 22 candidatos a presidente e nós tínhamos na presidência o senador José Sarney – que tinha uma rejeição muito elevada. Isso faz com que proliferem os candidatos porque existe um enorme vácuo político. Mas acho que também há nessa eleição uma possibilidade maior, do que aquela de 1989, de se diminuir o número de partidos.
Em 89, o senhor também tinha um índice baixo de intenção de votos no início das pesquisas e depois veio a ser eleito. Aposta nisso de novo?
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Quando a pessoa tem 1%, 2%, a tendência é crescer. Naturalmente, se essa pessoa tiver alguma coisa a falar, alguma coisa que a distinga de outros. É preciso ter algumas características inerentes à figura de um candidato competitivo. Isso eu acho que eu tenho. Desde o começo do meu planejamento eu disse: eu só vou iniciar a minha pré-campanha depois de finalizada a Copa do Mundo. É isso que estou fazendo agora.
O senhor pensa em coligações, tem conversado com partidos para a sua candidatura?
Conversas existem muitas, a política é feita de conversas. Mas, até o presente momento, essa questão de coligações está sendo conduzida pela direção nacional do partido, não por mim.
Apesar de estarem implicados na Lava-Jato, os partidos do Centrão estão sendo disputados pelos líderes nas pesquisas. O modelo de coligações vai continuar o mesmo?
Eu acho que sim. Fundamentalmente, o que temos que pensar é numa reforma política, é impossível se governar um país tendo 27 partidos com representação parlamentar no Congresso Nacional.
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Após tantos escândalos de corrupção, o senhor acredita em uma renovação no Congresso?
O Congresso não será renovado em sequer 25%. É o que eu pressinto, é o que eu vejo e é o que eu leio nas pesquisas eleitorais. Eu não estou dando uma opinião do que eu gostaria do que fosse.
A prioridade dos partidos às candidaturas de quem já tem mandato é um dos motivos?
São vários os fatos. O principal deles é o cumprimento da cláusula de barreira, de 1% dos votos em nove Estados e 1,5% de votos no Brasil. Se não cumprirem, os partidos deixarão de existir. Pelo curto espaço de tempo que essa campanha terá, ficará muito mais fácil garantir a reeleição de deputados federais do que avançar com candidaturas de renovação.
Se eleito, o que o senhor faria diferente do seu primeiro mandato?
Eu faria exatamente igual, um amplo programa de reformas, mas incluindo a reforma política, reforma tributária, reforma previdenciária, rediscussão do pacto federativo do país. Precisamos de uma nova abertura comercial. É exatamente a reedição do programa que eu implementei em 1990 e que deu grandes resultados para o Brasil.
Na sua opinião, o brasileiro sabe votar?
O brasileiro sabe votar, claro que sabe. Ainda mais agora com esse número de informações que o brasileiro vem recebendo nas mídias sociais, que auxilia muito esse entendimento. A própria televisão, que na televisão a cabo tem oferecido muitos debates de opiniões.
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Qual a sua avaliação do governo Temer?
É um governo esforçado, tem se esforçado bastante. A prova disso são as reformas que, gostemos ou não, foram reformas que ele se propôs a realizar.
Quem é, hoje, a pessoa com mais chance de se eleger presidente?
Quem iria comigo para o segundo turno? (risos). Agora eu não sei. Pensando assim, acho melhor a gente esperar pra ver quem estará realmente como candidato.
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