Para efeitos políticos, de nada adiantou a entrevista do ex-assessor do deputado Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Fabrício Queiroz apareceu, mas não esclareceu a movimentação financeira atípica destacada pelo Coaf. Pelo contrário. As dúvidas só aumentaram.

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Ele não explicou os depósitos de outros servidores do gabinete na própria conta, se essa prática pode ser classificada como a famosa “caixinha” e se ele tem comprovantes da compra de venda de carros dos negócios que afirma fazer – o que justificaria a movimentação acima da renda oficial.

Ele também afirmou que prefere apresentar os esclarecimentos ao Ministério Público, o que não fez até agora. Mas um ponto ficou claro: Queiroz fez questão de assumir qualquer responsabilidade, afastando suspeitas sobre a família do presidente eleito. Às vésperas da posse, no entanto, isso não foi o suficiente para afastar o constrangimento que o assunto provoca na futura equipe de Jair Bolsonaro.

Questionado sobre a entrevista, o general Santos Cruz (Secretaria de Governo) afirmou que esse não é um assunto de governo, mas de parlamento. No dia de reunião ministerial, todos evitavam o assunto, mas o desconforto era evidente.

 

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Barreiras  

Parlamentares foram surpreendidos por portas de vidro no quarto andar do Planalto, dificultando o acesso aos gabinetes dos ministros. Tradicionalmente, essa é uma área em que deputados, senadores e imprensa estavam acostumados a circular, passando do gabinete da Casa Civil ao GSI, por exemplo.  

  

Café frio  

Deputados ouviram o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) reclamando de colegas de Esplanada que passam mais tempo no prédio da transição, conversando com a equipe de Jair Bolsonaro, do que trabalhando de seus ministérios. Já estão cuidando da própria vida.  


Despedida  

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Claudio Lamachia, encerra o período no comando da entidade em 31 de janeiro e prepara o livro “Ordem Constitucional” para se despedir do mandato. A obra reunirá discursos, artigos e demais manifestações públicas. Quem acompanhou esses últimos três anos ao lado do presidente brinca que ele deveria escrever também o “Lamachia em off”, com os bastidores do poder em Brasília.