*Por Silvana Pires
Mesmo morno e sem propostas, o primeiro debate entre os presidenciáveis derrubou a estratégia petista de promover eventos paralelos. Como o ex-presidente Lula está preso e não pode fazer parte desses eventos, a presidente do PT, senadora Gleise Hoffmann, afirmou que tomará as medidas necessárias para que o candidato a vice na chapa, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, seja convidado para os próximos.
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Sem representante, o PT foi esquecido durante o debate. É isso que o partido não quer que se repita. Garantir uma cadeira para Haddad, no entanto, é assumir de uma vez por todas que o ex-presidente não é mesmo candidato. É acabar com o faz de conta antes de uma decisão do TSE sobre a homologação do registro de Lula.
Para a narrativa do PT, não vale a pena assumir Haddad como cabeça de chapa já no início da campanha. Candidatos a deputados e senadores precisam da bandeira do ex-presidente para dar corpo aos seus palanques. Ao mesmo tempo, ficou claro para os petistas que o trabalho intenso nas redes sociais não compensa a ausência do confronto com os demais presidenciáveis.
Para o eleitor, vale a máxima popular de quem não é visto, não é lembrado. Sem Haddad, Lula conta apenas com eventuais citações de Guilherme Goulos (PSOL), que não se mostra muito disposto a ser garoto propaganda dos outros. O desafio de Haddad é se tornar conhecido e convencer até a própria militância petista que ele pode ser o Lula reencarnado. Gleisi se deu conta que, para isso, ele precisa ficar frente a frente com os adversários.
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Constrangimentos
Um dos trunfos do candidato Geraldo Alckmin (PSDB) é também motivo de constrangimento. Ao fechar acordo com o centrão, o ex-governador assegurou o maior tempo na TV: 5min e 32s por bloco. Formado por partidos fisiológicos e comandados por políticos enrolados com a Justiça, como Ciro Nogueira (PP-PI), Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Valdemar Costa Neto (PR-SP), o bloco também é motivo de saia-justa para o tucano. Durante o debate, Alckmin virou o principal foco de perguntas dos adversários. A aliança com legendas que ainda estão com o governo Temer foi o tema favorito.