O presidente Jair Bolsonaro escolheu alguém que considera a sua imagem e semelhança para assumir a Procuradoria-Geral da República (PGR). O subprocurador Augusto Aras concorreu fora da lista tríplice com o discurso conservador que já está virando praxe em Brasília: contra a ideologia de gênero, a favor do pacote anticrime de Sergio Moro e confortavelmente distante das questões ambientais.
Continua depois da publicidade
Para completar, Aras chegou no Palácio do Planalto escoltado pelo ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF), um antigo amigo de Bolsonaro. Embora tenha sido criticado nas redes sociais pelos bolsonaristas mais radicais, em razão de declarações no passado mais alinhadas com a esquerda, o presidente apostou suas fichas no afilhado do aliado.
A escolha de Aras irrita a Associação Nacional dos Procuradores e significa mais um golpe de Bolsonaro contra o ministro da Justiça, Sergio Moro. A opinião do ex-juiz simplesmente foi desprezada neste processo.
O novo PGR já declarou que a Lava-Jato tem pequenos desvios a serem corrigidos e citou o personalismo como o principal deles. Essas declarações, sim, Aras terá que explicar aos senadores na sabatina.
Resta torcer para que ele, de maneira republicana, não assuma a farda de engavetador da República.
Continua depois da publicidade
Rondando
Padrinho da indicação do delegado Anderson Gustavo Torres para a vaga de diretor-geral da Polícia Federal, o deputado estadual Delegado Francischini (PSL-PR) já sonhou em ser Ministro da Justiça. A sorte de Sergio Moro é que ele está blindado por uma popularidade até mesmo superior do que a do presidente da República.
Sob medida
Depois da polêmica saída de Henrique Pires da Secretaria Nacional de Cultura, o presidente Jair Bolsonaro resolveu indicar pessoalmente o novo titular da área. Economista, sem experiência na área, Ricardo Braga chega para assegurar o cumprimento da pauta conservadora defendida pelo presidente. Henrique deixou a secretaria reclamando de censura.