Enquanto bolsonaristas fiéis organizam mais e mais protestos contra o Supremo e a favor da intervenção militar, em um transe antidemocrático, o presidente Jair Bolsonaro está em um relacionamento sério com a velha política.
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A indicação do chefe de gabinete do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para comandar o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) é o atestado escancarado do estelionato eleitoral. O toma lá dá cá com o centrão rendeu ao PP uma vaga com orçamento anual de R$ 54 bilhões. O Fundo é responsável, entre outros, pela compra de livros didáticos, de merenda, de ônibus escolares e construções de creches. Um cargo “bom para fazer política”, como gostam de dizer os mais experientes em Brasília.
O FNDE é o filé do segundo escalão da Esplanada, mas há outras vagas também cobiçadas que já entraram no balaio das negociações. Embora tenha saído das urnas com apoio da maioria de deputados e senadores no Congresso, Bolsonaro não conseguiu consolidar uma base robusta no parlamento. Pelo contrário: ele conseguiu implodir até mesmo o próprio partido, o PSL.
Agora, diante do aumento da tensão política, da queda de popularidade e dos processos no Supremo, o presidente da República busca blindagem contra um eventual pedido de impeachment.
Os partidos do centrão estão dispostos a entrar mais uma vez no jogo. A história recente, no entanto, mostra que a fidelidade dessas lideranças só dura enquanto o presidente ostenta alguma popularidade.
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Herança maldita é desculpa
Sucessor de Osmar Terra no Ministério da Cidadania, Onyx Lorenzoni reclama que o Cadastro Único é um balaio de gatos e que a Polícia Federal está investigando irregularidades. Onyx disse que foram detectadas pessoas com R$ 1 milhão em conta corrente na lista dos programas sociais. O ministro ainda reclamou que a equipe do Bolsa Família é a mesma desde o governo Lula. Terra, no entanto, cuidou dessa área durante todo o governo Temer e por um ano do governo Bolsonaro. Onyx está há quase quatro meses no comando da pasta. Se nada mudaram, não foi por falta de tempo.
Herança maldita 2
Questionado pela coluna, o deputado Osmar Terra explicou que um técnico experiente ligado ao antigo Ministério do Planejamento sempre foi o responsável pelo Bolsa Família, programa considerado complexo demais para mudanças bruscas na equipe. Terra faz questão de lembrar também que implementou medidas de pente-fino no Cadastro Único e no Bolsa.
Robôs em ação
Bombeiros da República já começaram a trabalhar para tentar evitar que o clima político se deteriore ainda mais em Brasília. O presidente do STF, Dias Toffoli, marcou para o dia 10 o julgamento da ação que contesta o inquérito que investiga fake news. A turma do gabinete do ódio prepara ofensiva para pressionar os ministros da Suprema Corte.