Só um país com o Congresso desacreditado e um governo paralisado pela impopularidade entrega a solução de seus problemas para o Supremo Tribunal Federal. É o que está acontecendo com o Brasil. Da idade mínima para matrícula no ensino fundamental à manutenção da prisão do ex-presidente Lula, os rumos do país estão sendo decididos por 11 ministros de toga preta. Juízes que não estão livres de interesses políticos.

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Os ministros entram em recesso mergulhados em uma guerra declarada. O que antes era uma briga de bastidores, virou batalha declarada. Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli conduzem os trabalhos da 2ª Turma liberando presos da Lava-Jato, fazendo a alegria de advogados da bancada dos investigados. É curioso observar parlamentares petistas comemorando as decisões de Gilmar Mendes, como se fossem velhos aliados. Também o senador Aécio Neves (PSDB-MG) comemora o arquivamento do processo de furnas. Por falar nisso, ao mandar o pedido de liberação da prisão de Lula para decisão do plenário, o relator da Lava-Jato, Edson Fachin, rompeu a lógica do vale-tudo da 2º Turma.

Na sequência, a presidente do STF, Cármen Lúcia, não pautou o caso para agosto.  Ela vai deixar para Dias Toffoli, o presidente do Supremo a partir de setembro, a decisão de colocar o assunto em discussão. Uma jogada ensaiada.Para encerrar a sexta-feira, o ministro Alexandre de Moraes negou liberdade de Lula e não viu ilegalidade na decisão de Fachin. Resumo da ópera: o plenário deve julgar o pedido da defesa de Lula provavelmente depois que o TSE analisar o registro da candidatura do ex-presidente. Para os desavisados, o presidente do TSE, Luiz Fux, já mandou um recado:

— O candidato que sabe que não pode se candidatar, mas se candidata para provocar uma situação sub judice, é inaceitável.

Toda essa mobilização da defesa de Lula – que já está batendo cabeça – estaria dentro do esperado, não fossem os efeitos na estratégia dos grupos que querem sepultar a Lava-Jato. Por isso, o desafio dos ministros é deixar a política para o outro lado da Praça dos Três Poderes, sob o risco de também a Suprema Corte perder a credibilidade.

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Memórias do cárcere

Em liberdade, depois de uma decisão do STF, o ex-ministro José Dirceu irá rodar o país para o lançamento de seu livro de memórias. A obra, escrita durante o período em que o petista esteve preso, só chega às livrarias em 31 de agosto, mas já está em pré-venda. O editor Luiz Fernando Emediato garante que o livro já é o mais procurado nos sites e a meta é chegar a 300 mil exemplares comercializados até o final do ano.

Não aprende

O Rio de Janeiro foi o primeiro Estado – e único até agora – a fechar o plano de recuperação fiscal e já está ferindo as regras de austeridade fiscal. Em meio a maior crise das finanças públicas, a Assembleia Legislativa aprovou aumento para servidores do Tribunal de Justiça e Ministério Público.