O fim de semana deixou claro que o governo Michel Temer demorou demais a despertar para a gravidade dos efeitos de uma greve de caminheiros apoiados pelas empresas. Surdo e arrogante, virou refém de uma categoria, levando os brasileiros a uma situação que beira o caos. Todos pagam pelo erro estratégico. Sem legitimidade para emplacar um acordo, o presidente resolveu endurecer, ameaçando prisão de empresários envolvidos. Ao mesmo tempo, o Planalto amplia a proposta de manutenção do preço do diesel, mandando às favas o controle fiscal. Tudo para estancar a crise do desabastecimento.

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O governo errou e ficou à mercê de um movimento com lideranças pulverizadas. Um movimento que começou sem cores políticas, mas que agora já tem apoiadores que beiram o desatino, pedindo intervenção militar. Uma bandeira vazia, porque intervenção militar não resolve crise econômica ou política. A vacina para um governo sem legitimidade é a eleição de uma proposta clara, transparente e democrática. O Brasil terá a oportunidade de resolver isso em cinco meses. E até lá? Até lá o governo do MDB de Temer, Eliseu Padilha e Moreira Franco precisa deixar claro aos caminhoneiros que vão cumprir o prometido, o Congresso deve votar o previsto e o Planalto precisa cair na real. O desafio da equipe de Temer é convencer os caminheiros e empresas de que o acordo é vantajoso e mais: convencer a população, que há muito anda irritada com um governo tomado por escândalos de corrupção e políticos que continuam a saquear os cofres públicos.

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