* Por Matheus Schuch – interino
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro amplia a distância com o Congresso ao dizer que o país é ingovernável sem conchavos, líderes de partidos que se dizem favoráveis à reforma da Previdência discutem formas de retirar o protagonismo do Executivo no projeto. Os parlamentares do centrão são os mais descontentes na relação com o Planalto, por isso vão insistir para que o projeto original de mudanças no sistema previdenciário seja substituído.
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Resta saber qual será a estratégia para fazer valer o discurso de que a reforma tem a cara do Congresso. O relator da proposta, Samuel Moreira (PSDB-SP) admite modificações no texto, mas entende que não é hora de disputas por protagonismo.
– Não podemos achar que tudo é luta política.
Com dificuldade de articulação e enfrentando resistências dentro do próprio partido, o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), admitiu que poderá apoiar um novo texto, desde que seja mantido o impacto econômico de R$ 1 trilhão em dez anos.
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Com articulação pífia no Congresso e demonstrando pouca disposição de usar o capital político das urnas a favor das reformas, o presidente Bolsonaro poderá conseguir a façanha de aprovar mudanças estruturantes na Previdência sem ganhar méritos por isso.
Menos Médicos
A Federação Catarinense de Municípios (Fecam) está mobilizada em manter as vagas do Mais Médicos no estado. A previsão da entidade é que, a médio prazo, 400 vagas não serão renovadas em virtude dos novos critérios do programa. O presidente da Fecam, Joares Ponticelli, está em tratativas com o Ministério da Saúde para prorrogar por dois anos os contratos de médicos prestes a vencer.
— Melhoramos o IDH de várias cidades por causa da saúde básica. E aí vamos ser punidos agora? – questiona.
A nova etapa do Mais Médicos, lançada na semana passada, contempla apenas seis municípios catarinenses: Água Doce, Campo Ere, Lebon Regis, Major Vieira, Presidente Nereu e Vitor Meireles.
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Só que não
O líder do PSL, delegado Waldir (GO), anda dizendo que não vê problemas se não for votada a Medida Provisória da reforma administrativa:
— A gente dá um jeito. Um ministro fica responsável por outras pastas.
A situação não deve ser tão simples. Com a reforma, muitas estruturas deixaram de existir e outras foram criadas – tudo perderia validade.
Na torcida
Nos bastidores, deputados do centrão disseram à coluna que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, “não deve durar muito”. Atribuem a previsão à “falta de habilidade” e “preocupação com coisas menores”. Já integrantes do governo afirmam que Weintraub é o homem mais inteligente da equipe de Bolsonaro e vai “ajeitar a educação do país”.