* Por SIlvana Pires, interina
Na última semana de convenções, dois tradicionais adversários políticos mobilizaram as atenções nas articulações para a campanha presidencial de 2018: PT e PSDB. Petistas e tucanos da cúpula dos partidos agiram pesado para isolar inimigos de seu próprio campo político. Até o momento, o que as pesquisas mostram é o fim desta clássica polarização, com Jair Bolsonaro (PSL) – um representante da extrema direita – liderando as intenções de votos, quando o ex-presidente Lula fica de fora. Em 2013, a então presidente Dilma Rousseff afirmou que em “nós podemos fazer o diabo quando é a hora da eleição”. PSDB e PT seguem a receita à risca na tentativa de conseguir um passaporte para o segundo turno.
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De dentro da cadeia, Lula comandou um plano para isolar Ciro Gomes (PDT). Fechou um acordo nacional com o PSB, atropelou uma jovem liderança regional do próprio partido e passou a conversar de perto com o PC do B. Jovem vereadora, neta de Miguel Arraes, Marília Arraes (PT) foi usada de isca para atrair o PSB, que tem a intenção de assegurar a reeleição do governador Paulo Câmara. Ela, no entanto, provou que tem uma candidatura competitiva, mas o PT nacional não se comoveu. O PT de Pernambuco esperneia, mas nem os petistas mais robustos enfrentam o comando de Lula.
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O efeito final, no entanto, foi conquistado pelo ex-presidente. O pedetista Ciro Gomes, que poderia representar ameaça, chega ao período da campanha isolado. Lula prepara o terreno para o poste que poderá colocar em seu lugar, caso a Justiça Eleitoral não homologue mesmo o registro de sua candidatura.
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No campo do centro e da direita, o problema imediato de Geraldo Alckmin (PSDB) é Bolsonaro. O antídoto encontrado foi colocar de vice na chapa uma mulher, com boa aceitação entre os ruralistas e longe dos escândalos de corrupção. Para garantir Ana Amélia Lemos (PP) como dupla do ex-governador, o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, entrou em campo. Para chegar nesta composição, Alckmin também driblou as vontades dos caciques do centrão, que preferiam um nome mais alinhado com o bloco. Sob o comando de Ciro Nogueira (PI) – investigado na Lava-Jato – o PP nacional não vai ficar de mãos abanando: o comentário na Esplanada é que, em caso de vitória, o tucano garante que a turma de Ciro vai continuar no comando do Ministério da Saúde. É ou não é o diabo?