O desempenho da economia em 2020 é a grande cartada do presidente Jair Bolsonaro para alavancar o projeto de disputa à reeleição. Ilha de excelência na Esplanada, ao lado das pastas de Infraestrutura e da Agricultura, o Ministério da Economia conta com técnicos preparados e focados em pontos que podem, de fato, representar mudanças: planos de privatização, desburocratização, redução do tamanho da máquina pública, reformas administrativa e tributária. Nem de longe esses especialistas se assemelham aos lunáticos terraplanistas que ocupam áreas estratégicas, como o Itamaraty e a Secretaria Nacional de Cultura. O que é um alívio.
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Integrantes da equipe econômica estão convencidos de que será possível aprovar a reforma administrativa ainda no primeiro semestre de 2020. Embora seja uma medida impopular junto aos servidores federais, representará economia para os cofres públicos e melhoria na qualidade dos serviços ao cidadão. Pelo menos essas são as metas da turma do ministro Paulo Guedes. Entre as medidas, o fim da estabilidade para quem ingressar no serviço público depois da lei e para determinadas carreiras.
Fiscais do Ibama, por exemplo, continuarão com estabilidade, até para que sejam protegidos de pressões. O projeto também prevê modificação nas carreiras e reformulação dos salários, para que fiquem mais compatíveis com o praticado na iniciativa privada. É claro que as corporações vão reclamar. E também não é segredo que os parlamentares ficam mais sensíveis aos apelos dessas categorias em ano eleitoral. Mas o Ministério da Economia tem pesquisas, mostrando que a população, de maneira geral, apoia as medidas, desde que o resultado seja a melhora da prestação de serviços.
A pauta econômica é pesada para pouco tempo. Assuntos polêmicos só serão votados no primeiro semestre, porque a segunda metade do ano será dedicada às eleições municipais. As condições, no entanto, são positivas para o presidente: os juros básicos nunca estiveram tão baixos, os empresários apoiam o governo, a reforma da Previdência já foi feita.
No governo, a previsão de crescimento é de no mínimo 2%, o que é muito significativo depois de um período de recessão.
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O que pode atrapalhar? Por incrível que pareça, o próprio inquilino do Palácio da Alvorada. O primeiro filho, senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), está sendo investigado pelo MP pelo caso das “rachadinhas” no Rio. Esse processo tem potencial explosivo e estilhaços podem atingir o governo.
Declarações polêmicas do presidente muitas vezes promovem inseguranças no mercado. Os apoiadores do presidente, que em 2019 alimentaram e vibraram com as polêmicas vazias, deveriam abrir os olhos para o que realmente importa.