O principal desafio de Jair Bolsonaro não é dominar a mente de quem trabalha no Ministério da Saúde, nem liberar o uso da hidroxocloroquina, embora apoiadores do presidente nas redes sociais se ocupem desses assuntos.
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Hoje, o que deveria esquentar a cabeça de Bolsonaro é o risco de colapso do sistema de saúde e a urgência de colocar em pé o maior plano de transferência de recursos para trabalhadores informais que já foi feito.
A primeira situação está sob o comando do ministro Luiz Henrique Mandetta e de governadores. Mas o programa de repasse de dinheiro precisa de planejamento e de vontade política para, em primeiro lugar, não ser sabotado pela burocracia.
Antes da crise, o INSS sequer conseguia atender corriqueiros pedidos de benefício. Uma fila vergonhosa só crescia, sem solução. Agora, diante da pandemia, não tem desculpa.
A operação "coronavoucher" é complexa porque envolve não só o público já cadastrado, como o Bolsa Família, mas também os chamados invisíveis. Há um exército de trabalhadores no país que jamais entrou na conta dos governos. É para esse público que o presidente da República precisa olhar agora.
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O day after de Mandetta
Apesar de uma segunda-feira tensa, Mandetta chegou de bom humor ontem no Ministério da Saúde e brincando com a equipe:
— Vocês estão trabalhando pouco, não fizeram nada ontem. Hoje é para ralar.
Essa foto foi tirada no dia em que o ministro e os secretários João Gabbardo (Executivo), Erno Harzheim (Atenção Primária à Saúde) e Wanderson Kleber (Vigilância em Saúde) definiram os critérios e condições para os três níveis de distanciamento social: ampliado, seletivo e total. A classificação serve para ajudar Estados e municípios a embasarem suas ações.
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Planejamento
Segurança pública em tempos de Covid-19 é o tema da reunião do ministro Sergio Moro (Justiça) com os secretários de Segurança dos Estados. Ações e planos para diferentes cenários são desenhados durante a videoconferência.
Embora haja o temor no entorno de Bolsonaro de uma convulsão social, em caso de uma crise muito longa, Moro afirma que agora não há motivo para preocupação. À coluna, ele parafraseou o general
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Hamilton Mourão:
— So far, so good —desconversou.
Uso nobre
Pode ser que não prospere, mas a decisão judicial que destina o fundo partidário para ações de combate ao coronavírus é uma boa ideia. Há partidos de aluguel sem real representatividade que usam e abusam dessa verba. O dinheiro do fundo eleitoral também pode ser direcionado para a saúde, caso as eleições sejam adiadas.
– So far, so good – desconversou.