A denúncia da Procuradoria-Geral da República atrapalha, sim, os planos políticos de Raimundo Colombo. Afastado das atividades para se dedicar à campanha ao Senado, o governador vinha tecendo articulações políticas e desenhando possibilidades de alianças com a força de quem tinha a máquina da mão.
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A PGR decidiu denunciá-lo no âmbito da Lava-Jato, por caixa 2. Na delação, a empreiteira repassou aos investigadores informações sobre uma negociação envolvendo a Casan e a liberação de R$ 2 milhões para ajudar na campanha. A privatização da companhia não ocorreu. Mas ficou pelo caminho uma história a ser esclarecida.
O ministro Luiz Felipe Salomão (STJ), relator do caso, ainda vai notificar o governador para a apresentação de defesa prévia. Colombo poderá ou não virar réu neste caso. Mas até lá, os adversários políticos utilizarão esse caso para desgastá-lo. Em uma eleição em que o tema corrupção ainda estará bastante vivo, não será uma barreira fácil. O problema é ter que explicar o caso a cada provocação. Questionado pela coluna, Colombo disse estar tranquilo com relação ao caixa 2 e que comemora o arquivamento de outra ação sobre corrupção. Ele nega que essa denúncia possa representar um revés na campanha:
— Quero me defender. Eu não fiz caixa 2. Não fiz nada errado.
Sempre vale lembrar que caixa 2 ainda não foi tipificado como crime, mas uma irregularidade eleitoral.
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Advogado de peso
Um dos advogados de Raimundo Colombo é Pierpaolo Bottini, um dos mais badalados advogados de Brasília. Para quem não liga o nome à pessoa, é aquele que foi fotografado em uma mesa de bar ao lado do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Entre seus clientes mais conhecidos está Joesley Batista, da JBS.
Frase
“O povo não está insatisfeito com a democracia, está insatisfeito com os problemas da democracia. E um desses problemas é a corrupção generalizada e a impunidade. As pessoas começam a perder a confiança no estado de direito, nos políticos, nos juízes e nos procuradores, então começam a perder a confiança na democracia. Por isso precisamos continuar o nosso trabalho.”
Sérgio Moro, juiz da Lava-Jato durante debate sobre a corrupção na América Latina, em Nova York.