O governo Temer está sofrendo de debandada pré-eleitoral precoce. Antes mesmo do período oficial para a desincompatibilização, ministros que pretendem concorrer à reeleição estão deixando os seus cargos para se dedicarem às campanhas. Por trás da decisão está o desejo de se descolar de um presidente com a popularidade baixíssima e de medidas amargas, como a reforma da Previdência.
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Como dizem os próprios governistas, é normal que ministros/deputados deixem seus cargos em ano de eleições. Mas os políticos costumam aproveitar a estrutura de suas pastas para fins eleitorais até a última gota. Das viagens para a base eleitoral no avião da FAB, passando por inaugurações a reuniões com prefeitos, os candidatos à reeleição costumam usar a máquina pública enquanto podem.
A diferença é que, agora, os deputados preferem abrir mão do gabinete em nome de um resgate de suas bases. Foi o que ocorreu com Ronaldo Nogueira (PTB-RS), que deixou o Ministério do Trabalho porque já estava perdendo espaço dentro do próprio partido, e com Marcos Pereira (PRB-ES), que se demitiu ontem da pasta da Indústria e Comércio. Os dois ocupavam ministérios sem expressão na Esplanada, mas representam dois partidos do Centrão importantes para o governo na negociação das mudanças na Previdência. Michel Temer optou por não promover uma reforma ministerial, mas já começa o ano com o governo aos retalhos, teleguiado nos bastidores por velhas figuras da política como José Sarney (PMDB) e Roberto Jefferson (PTB).
ABANDONADO
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Não pegou bem dentro da bancada do PTB o fato de Roberto Jefferson não ter brigado pela indicação de Pedro Fernandes (MA) para o Ministério do Trabalho. Vetado por José Sarney por questões regionais, Fernandes é chamado pelos colegas de bancada de “Pedrinho” e pode carregar com ele mais votos contra a reforma da Previdência.
É OU NÃO É?
Cotado para assumir o Ministério do Trabalho, o deputado Sérgio Moraes (PTB) comemorou a indicação do nome de Cristiane Brasil para o cargo. Ele só não acredita que ela vá desistir de concorrer à reeleição pelo Rio. Ao anunciar a indicação da filha, entre lágrimas, Jefferson afirmou que ela não é candidata.
MOTIVO
Lideranças do PT insistem que o ex-presidente Lula só vai a Porto Alegre no dia do julgamento (24 de janeiro) se o TRF-4 autorizar que ele seja ouvido novamente na ação. A defesa de Lula entrou ontem com um novo pedido.
FRASE
“É o orgulho e uma emoção que me dá. É o resgate, sabe querida, é o resgate. Fico satisfeito”.
Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, um dos personagens principais do Mensalão ao falar da indicação da filha para o Ministério do Trabalho.
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