A estratégia da corda esticada colocou o ministro da Educação em uma situação de desgaste e exposição desnecessária, criando mais uma crise no governo Bolsonaro. Convocado pelo plenário da Câmara, em uma votação em que líderes partidários aproveitaram para mandar recado ao Planalto.
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Abraham Weintraub foi obrigado a enfrentar as perguntas da oposição, a desorganização dos aliados e a indiferença dos partidos do centrão. Enquanto isso, manifestantes faziam atos pela educação em todo país.
Uma situação adversa para o governo que não foi provocada pela oposição, pelo fantasma de comunistas ou pela chamada velha política. Foi a falta de habilidade política do ministro, empacotada por ressentimentos e ideologias, que levou estudantes e professores às ruas.
Se Weintraub tivesse anunciado o congelamento de recursos dentro da rotina de um orçamento apertado, abrindo um debate maduro para o que o Brasil considera prioridade na educação, a reação seria outra. Mas ele acusou as universidades federais de balbúrdia e de abrigarem pessoas peladas. Foi o estopim para que os estudantes saíssem às ruas.
Em mais uma atitude equivocada, lá dos Estados Unidos, Bolsonaro xingou os manifestantes de idiotas. A história recente ensina que menosprezar protestos nunca acaba bem. O presidente está brincando com o perigo. O Ministério da Educação é o mais importante da Esplanada, mas Bolsonaro o negligenciou.
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Como foi a participação do ministro na Câmara:
Testa de ferro
Não custa lembrar que o autor do requerimento para convocar o ministro Abraham Weintraub, é aliado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O deputado Orlando Silva (PCdoB-RJ) é amigo pessoal de Maia e frequentador assíduo da residência oficial. Difícil não ter a digital de Maia nessa convocação, mostrando para o Planalto que ele segue com o plenário na mão.
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Versões
Líder do PSL na Câmara, delegado Waldir (GO) quer convocar o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) para que ele explique mais uma saia-justa. Onyx disse que os líderes se confundiram ao afirmar que Bolsonaro iria rever cortes na educação. Líder do Novo, Marcel Van Hattem contou à coluna que o presidente ligou do próprio celular para o ministro da Educação e repassou a boa nova, desmentida em seguida por Onyx.
Frase
"São uns idiotas úteis, uns imbecis que estão sendo utilizados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo de muitas universidades federais do Brasil."
Do presidente Jair Bolsonaro ao falar sobre as manifestações no país e afirmar que a maioria é militante.
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