A confirmação de um caso de coronavírus no país e o avanço da doença no mundo impõe um novo cenário para as autoridades brasileiras, nesta retomada dos trabalhos, depois do Carnaval. Se antes a estabilidade política já era necessária para sustentar o crescimento econômico, agora, uma relação sem solavancos entre os poderes é fundamental. E por quê? Porque o impacto da doença tem efeitos não só na saúde pública – prioridade absoluta – mas também nos rumos da economia. Especialistas já alertam para a possibilidade de o país não crescer os 2,5% previstos inicialmente em razão de uma eventual paralisia dos mercados. Ainda é, no entanto, muito cedo para saber o tamanho do impacto para a rotina das indústrias, das exportações, das movimentações dos portos. Mas o Brasil precisa fazer o dever de casa.
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O Ministério da Saúde, sob o comando de Luiz Henrique Mandetta, tem se mostrado eficiente e transparente na condução da operação contra a doença. Médico e ex-deputado federal pelo DEM de Mato Grosso do Sul, Mandetta valoriza a comunicação e os técnicos qualificados que trabalham na pasta. O presidente Jair Bolsonaro ganharia pontos se tivesse um Mandetta na Educação. Mas essa é outra história. Com a questão técnica ajustada, o governo precisa se debruçar e dedicar à política.
No contexto atual, de incertezas quanto aos efeitos no coronavírus sobre o desempenho econômico mundial, é fundamental que o Brasil prove que tem um rumo na economia. As votações das reformas (Tributária e Administrativa) precisam ser conduzidas ainda no primeiro semestre. A disputa entre o parlamento e o governo pelo controle das emendas parlamentares deve ser resolvida na articulação política, e não pelas redes sociais.
Neste contexto, alimentar a guerra entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário é uma sandice. Está na hora de o presidente da República assumir o papel de estadista, que se espera de um presidente da República, e conduzir com seriedade a pauta que o país realmente precisa colocar em pé. E imaginar que existe apoiador do presidente empolgado com manifestações ou até defendendo que ele se encontre com o palhaço Bozo em razão dos deboches do Carnaval…
Tenho certeza que diante do coronavírus, da ameaça à economia, da crise das polícias militares, das filas no INSS e no SUS, da necessidade de retomar uma boa relação com o Congresso, o presidente tem muito mais o que fazer.
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