Quem tem juízo no país já se deu conta que existe uma nova pauta econômica e política mundial. O efeito da pandemia do coronavírus se sobrepõe à polarização que serviu de combustível para a eleição do presidente Jair Bolsonaro. Mesmo com a oposição praticamente apagada, os bolsonaristas vivem da guerra contra algum inimigo: o desarmamento, o comunismo, o PT, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal. Mas, agora, nada disso faz mais sentido. Diante da gravidade da evolução da doença, todos os esforços precisam estar concentrados em uma prioridade.
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Como presidente da República, Bolsonaro tem a obrigação de liderar o Brasil no que diz respeito às medidas restritivas e nas ações para mitigar a paralisação da economia. O sistema de saúde precisa estar preparado para os próximos meses, quando a doença chegar ao momento mais agudo no país. Profissionais de saúde merecem atenção e equipamentos adequados para exercer o ofício.
Enfim, há muito o quê fazer. Cartazes pedindo intervenção militar ou o fim do Congresso como vimos na manifestação do último domingo, dia 15 de março, portanto, passam a ser ainda mais descolados da realidade.
Até que ponto essa nova ordem mundial vai influenciar nas próximas eleições, ainda é cedo para dizer. O que já se pode concluir é que governadores e prefeitos com capacidade de decisão e planejamento estão saindo na frente. A segunda etapa deste processo será o atendimento às pessoas e a terceira, a economia. Para as reformas administrativa e tributária, o ano já está perdido.
A eficiência da equipe econômica montada por Bolsonaro será testada agora pela capacidade de tomar medidas de curto prazo. O ministro Paulo Guedes terá mesmo que honrar o apelido de “Posto Ipiranga”. Bolsonaro bem que tentou continuar apegado à prática da cortina de fumaça. Fez até pouco caso do coronavírus. Foi, no entanto, engolido por casos confirmados de Covid-19 na própria equipe.
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A insatisfação apareceu na forma de panelaços contra o presidente e até mesmo com críticas de aliados. Ninguém sabe como sairemos dessa crise, mas que será um outro país, isso já é certo.