Em menos de três meses no comando da Polícia Federal, Fernando Segóvia já conseguiu produzir polêmica, desconfianças e descontentamento dentro e fora da corporação. Um desserviço, mas não uma surpresa. Afilhado político do ex-presidente José Sarney, ele já assumiu fazendo críticas às investigações da JBS e recheou a agenda de reuniões privadas com o presidente da República, Michel Temer. Agora, em plena sexta-feira de Carnaval, deu uma declaração que levou o ministro do STF Luís Roberto Barroso a intimá-lo. O chefe da PF adiantou um comentário sobre uma investigação em curso, envolvendo o presidente da República e desprestigiando o delegado responsável. Aliás, a fofoca do Carnaval é que a intenção era mesmo derrubar o titular da investigação. Tudo isso só alimenta os boatos de que Segóvia foi nomeado para ajudar a abafar a Lava-Jato. O diretor nega qualquer intervenção e vai se explicar. São muitos tropeços para tão pouco tempo. Em seis anos e 10 meses à frente do comando da polícia, Leandro Daiello passou por momentos bem tensos, mas sempre manteve uma distância respeitosa desses escândalos de ocasião.

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Riqueza

Está pronto para ser julgado pelo STF processo em que o Estado pede o direito ao recebimento de royalties da exploração de petróleo e gás que foram pagos ao Paraná. A disputa é pelos campos localizados entre São Francisco do Sul e Itajaí, que foram considerados pelo IBGE como sendo de águas paranaenses. O deputado Esperidião Amin (PP-SC) tenta uma reunião com a ministra Cármen Lúcia para destravar a ação, que está no Supremo há 27 anos.

Ressaca

Avaliação de integrantes da Lava-Jato é que declaração de Segóvia é muito ruim para a Polícia Federal. Ele perde autoridade com a equipe e clima político toma conta dos bastidores.

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Planalto

Nada indica que Segóvia seja afastado do cargo em razão da polêmica de Carnaval. Quem continua agarrado à deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), depois de tantos fatos comprometedores, não se abala com um delegado imprudente.

Outsider

O temor de Luciano Huck, que avalia candidatura à Presidência da República, é o mesmo de Joaquim Barbosa: serem abandonados pelos partidos com maior musculatura ao longo do processo eleitoral. No caso de Huck, ele se candidataria pelo PPS, mas busca apoio de legendas com maior tempo de TV e capilaridade. Barbosa se assusta com a falta de unidade do PSB.

Fantasia

Como havia adiantado à coluna, o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) saiu mesmo de árabe no Carnaval, aproveitando o feriado no litoral do Rio Grande do Sul na companhia da mulher e do filho. Como pretende seguir com as negociações sobre a reforma da Previdência, não aproveitará a folga da semana e deve voltar a Brasília depois da Quarta-Feira de Cinzas.

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