A campanha presidencial mais acirrada dos últimos tempos é um teste para a jovem democracia brasileira. Nos últimos 72 dias, um candidato preso foi substituído pelo vice, outro sofreu um atentado, uma enxurrada de fake news feriu reputações, o debate raso se limitou a uma queda de braço entre esquerda e direita, a Justiça Eleitoral foi questionada e o Supremo Tribunal Federal ameaçado.
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Sem credibilidade, o presidente da República, Michel Temer, desapareceu. Neste contexto, por mais de uma vez, ministros do TSE e do STF, com o apoio da Procuradoria-Geral da República e da Ordem dos Advogados do Brasil, tiveram que se manifestar a favor das instituições. Questionados pela imprensa, os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) se comprometeram com a Constituição.
Na sexta-feira, ministros do Supremo e do TSE fizeram questão de criticar interferências em atos em universidades. Pelo menos duas instituições foram alvo de ações da Justiça Eleitoral por suposta propaganda eleitoral irregular. Para a PGR há indícios de ofensa à liberdade de expressão e à autonomia universitária.
– A polícia, como regra, só deve entrar em uma universidade se for para estudar — reagiu o ministro Luís Roberto Barroso.
Esse é só um exemplo do sempre necessário monitoramento durante o processo eleitoral, em especial porque ainda convivemos com os fantasmas da censura. Mas tem o day after. Será o presidente da República eleito neste domingo quem terá a missão de acalmar os ânimos, fortalecendo os vínculos com os demais poderes. Tudo isso, enquanto coloca em prática o que o eleitor exige.
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Já no primeiro turno, os brasileiros deram um recado claro nas urnas: querem mudança. A renovação no Congresso é a prova de que o eleitor está em busca de novos nomes que, especialmente, consigam fazer uma política diferente, divorciada da corrupção.
O desafio do futuro comandante da República será construir um novo modelo de relação com o parlamento, mais perto do diálogo, distante do tradicional toma lá, dá cá e dentro dos valores democráticos. Como será esse novo jeito de fazer política? Nem os mais experientes articuladores de Brasília sabem.
Como foi pobre a exposição de programas de governo, o eleitor entrega um cheque em branco ao presidente eleito. Mas o estado de alerta das instituições, a vigilância em nome da democracia, terá que permanecer.
Divergência
Houve divergência no coração do PDT sobre o apoio de Ciro Gomes a Fernando Haddad. Diante da insistência do petista, o presidente da sigla, Carlos Lupi, desembarcou em Fortaleza para garantir que Ciro fizesse um pronunciamento a favor de Haddad. Senador eleito e irmão de Ciro, Cid Gomes avisou ser contra manifestação explícita. Ele está de olho em 2022. Já Lupi não quer ficar com a marca da omissão.
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Coletiva
Se ganhar as eleições, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) pretende fazer o primeiro pronunciamento em casa, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, na companhia dos principais aliados. A imprensa será chamada para transmitir.
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